Rui Damião em 2021-2-02

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O computador ainda não morreu

Ao longo dos anos, muitos analistas foram indicando que o computador ia acabar. A previsão nunca se concretizou e 2020 foi o ano em que se mostrou que o computador não só está vivo, como vai viver durante muitos anos

O computador ainda não morreu

Quando os primeiros tablets começaram a inundar o mercado, e já depois de os smartphones começarem a ser vendidos em larga escala, previu-se que os computadores tinham os dias contados.

É um facto que o mercado de PC a nível mundial, e em particular os portáteis, diminuiu, mas também é verdade que nunca acabou por completo. Os portáteis tiveram de se reinventar e foi notório que o dispositivo nunca foi totalmente substituído por smartphones ou por tablets.

Logo no início de 2020 existiu falta de portáteis. A primeira razão é óbvia: a maior procura em todo o mundo deste tipo de dispositivos, numa tentativa de colocar os colaboradores a trabalhar em casa. A segunda razão deveu-se ao facto de que a China, onde a larga maioria dos computadores são fabricados, ter fechado totalmente; as fábricas pararam e não foi possível produzir um bem que era cada vez mais necessário.

Mercado a crescer

Apesar de um primeiro trimestre negativo, o mercado mundial de computadores cresceu 11% durante o ano de 2020, quando comparado com o ano anterior. Quem o diz é a Canalys que, na sua mais recente análise, indica que, no total, foram vendidas 297 milhões de unidades no último ano. Este crescimento representa, de acordo com a Canalys, o maior crescimento anual desde 2010 e o maior volume de vendas desde 2014.

O quarto trimestre de 2020 – tradicionalmente forte por causa do Natal – registou um crescimento de 25% em relação a 2019 e marcou o terceiro trimestre consecutivo de crescimento sequencial, tendo crescido 13% em comparação com o terceiro trimestre que já tinha tido um desempenho “incrível”, nas palavras da Canalys.

Ishan Dutt, analista da Canalys, refere, em comunicado, que “2021 parece ser um ano ainda mais emocionante para o mercado de PC”, uma vez que os fornecedores “se recusam” a descansar sobre os lucros e procuram novas oportunidades. Apesar de admitir que a escassez da oferta possa continuar a prejudicar o mercado a curto prazo, a Canalys acredita “que a maioria dos problemas serão corrigidos no segundo semestre de 2021”.

Tendências

Cláudia Fernandes, Product and Marketing Manager Client Solutions da Dell Technologies, realça que “cada vez mais a tecnologia passa a ter um papel fundamental na vida pessoal e profissional das pessoas no trabalho remoto, de forma a mitigar o impacto da pandemia”. De igual modo, João Moura, Surface Business Group Lead da Microsoft Portugal, refere que “a pandemia veio acelerar um conjunto de transformações que estavam já a ocorrer no panorama nacional, tanto no setor público como no privado, sendo o posto de trabalho um dos principais focos desta transformação”.

Para Cláudia Fernandes, a principal tendência dentro de portáteis passa pela colaboração. “Com uma grande parte dos colaboradores em trabalho remoto, é cada vez mais importante que cada computador empresarial tenha como prioridade mais e melhores ferramentas de colaboração: onde as soluções de som de elevada qualidade e câmaras no próprio chassis do equipamento passaram a ser um standard; melhores meios de conectividade, com os mais recentes lançamentos de 5G ou Wi-Fi; que tenha disponíveis fermentas de automação com o auxilio de inteligência artificial de forma a otimizar o dispositivo de acordo com a utilização de cada utilizador”.

Relembrando que “a transição para o modelo remoto ou híbrido traduziu-se forçosamente numa necessidade da modernização do parque informático de muitas instituições”, João Moura refere que a adoção das “soluções de posto de trabalho fixo” têm vindo a cair e a expectativa é de que as várias tendências que se têm registado se mantenham no pós-pandemia.

De acordo com Patrícia Nuñez, Diretora de Canal e SMB da Lenovo Ibéria, “cada vez mais os computadores empresariais devem ter, e ser, as ferramentas certas para o trabalho e devem ter em conta as necessidades de cada colaborador e organização”.

Fatores de compra

Com a pandemia, o computador tornou-se num ponto central e de discussão nas empresas. Como já foi referido, a necessidade de colocar os colaboradores a trabalhar a partir de qualquer lado levou à compra de computadores, ainda que a compra se tenha definido pela oferta e nem sempre pelas especificações necessárias. Ainda assim, existem alguns fatores que as empresas têm em conta na aquisição de um novo posto de trabalho.

O representante da Microsoft destaca “a mobilidade (dimensões e peso), a qualidade do ecrã, câmara, microfones e altifalantes – cada vez mais relevantes numa altura em que grande parte do nosso tempo é passado a colaborar com colegas ou clientes em videochamada”.

Por outro lado, indica Cláudia Fernandes, “a adoção de um posto de trabalho preparado para o futuro não envolve apenas o equipamento, mas também soluções que ajudem o administrador de IT na gestão do ciclo de vida do mesmo”.

Para isso, explica a representante da Dell Technologies, “é necessário ter em conta e analisar cada perfil de trabalho validando que tipologia de equipamento e periféricos vão permitir os utilizadores a serem mais eficientes, mais produtivos”.

Segundo a representante da Lenovo, “as organizações têm procurado incentivar a produtividade dos colaboradores através da disponibilização de hardware fiável e de qualidade que responda às necessidades da função em causa e, ainda, soluções e serviços que permitam proteger esses mesmos equipamentos”.

Device-as-a-Service

Numa era em que tudo é vendido como um serviço, também os portáteis podem ser colocados num cliente numa base de subscrição. Habitualmente denominado como Device-as-a-Service (DaaS), esta tendência “introduz no Canal de Parceiros a capacidade de diferenciação ao apresentar uma solução de valor acrescentado por via da inclusão de serviços profissionais e de suporte complementares à oferta”, diz Cláudia Fernandes.

João Moura refere que “o desafio deste modelo está em conseguir ir para além do exercício financeiro e acrescentar efetivamente valor através da gestão completa do ciclo de vida dos equipamentos”. O Surface Business Group Lead da Microsoft Portugal dá como exemplo a “possibilidade de gestão completa do parque informático, numa ótica de serviços geridos” como oportunidade para o Canal.

A nível interno, das próprias organizações, Patrícia Nuñez acrescenta que “o DaaS permite garantir maior flexibilidade e agilidade empresarial, alinhar os serviços outsourcing com as necessidades e padrões do negócio, criando uma solução personalizada e alinhada com as necessidades da organização e que permite mudar de CapEx para OpEx de forma a aumentar o capital de negócios”.

Papel do Parceiro

Com uma maior procura por parte das organizações, e também com novos modelos de negócio, o Parceiro tem um papel acrescido junto dos clientes finais; o Canal deixa de ser um box mover e passa a ser um Parceiro de confiança para a empresa.

Patrícia Nuñez, da Lenovo, indica que se a empresa quer aprofundar a forma como trabalha o mercado, tem de “contar com uma rede de suporte composta pelos Parceiros certos”. Assim, explica, “a forma de atuação dos nossos Parceiros tem de estar claramente alinhada com a nossa estratégia, preocupações para com os clientes e tendências do mercado”.

Relembrando que o papel do Parceiro é “fundamental”, Cláudia Fernandes afirma que “a implementação de novas tecnologias deixou de ser uma dificuldade, atendendo que os Parceiros, para além de oferecerem um papel consultivo junto das organizações, oferecem serviços que permitem o cliente obter as competências necessárias ao suporte das novas soluções”.

João Moura diz que “os Parceiros desempenham um papel crítico na transformação digital das organizações que servem, seja na entrega de serviços de valor acrescentado, ou na otimização de custos operacionais globais, contribuindo ativamente para o sucesso dos seus clientes”.

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