2024-3-15

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Desmistificar as emissões de Alcance 3 dos data centers

De acordo com um estudo da Carbon Intelligence, mais de 80% das emissões de uma empresa são de Alcance 3. No entanto, no caso dos data centers, este ponto é mais difícil de avaliar – o que se deve parcialmente ao facto de consumirem muita energia, que é, em grande parte, de Alcance 2

Desmistificar as emissões de Alcance 3 dos data centers

Se esta energia tiver uma elevada intensidade de carbono, então o Alcance 3 será uma percentagem menor da pegada de carbono total do data center, e vice-versa. No entanto, o Alcance 2 é mais fácil de determinar do que o Alcance 3, o que torna o cálculo da pegada de carbono total ao longo da vida útil do data center um pouco subjetivo.

Reportar as emissões de Alcance 3 ainda não é um requisito obrigatório em Portugal, mas é provável que o venha a ser a curto-médio prazo. Não se pode corrigir o que não se pode medir, pelo que compreender as emissões de Alcance 3 é um passo fundamental para os esforços de redução de carbono dos operadores de data centers e para atingirem os seus objetivos de sustentabilidade.

As emissões de Alcance 3 são as mais difíceis de reportar

O Alcance 3 inclui todas as emissões indiretas de fontes como a compra de bens e serviços (p.ex. a construção de data centers); bens de capital (p.ex. computadores, sistemas de energia ou de refrigeração); viagens de negócios (voos, comboios, aluguer de carros, hotéis); deslocações de colaboradores (carros, autocarros, etc.); e gestão de resíduos (resíduos eletrónicos, baterias) em toda a cadeia de valor de um data center.

Quantificar e reportar o Alcance 3 representa um grande desafio para os operadores de data centers, principalmente devido à falta de três recursos: dados fiáveis dos fornecedores; ferramentas quantitativas; e uma metodologia de quantificação e elaboração de relatórios.

A primeira tentativa global de quantificar o Alcance 3 dos data centers

Na Schneider Electric elaborámos um White Paper no qual utilizámos um data center hipotético para demonstrar como quantificar as emissões de Alcance 3 e identificar as maiores fontes de emissões. Também desenvolvemos a calculadora Data Center Lifecycle CO2e, capaz de estimar a pegada de carbono emitida pelos data centers ao longo de todo o seu ciclo de vida.

As emissões de carbono variam significativamente em função de muitos fatores, como a dimensão do data center, o nível de redundância, a emissão de eletricidade, a construção do núcleo e da estrutura, a configuração do equipamento de TI, a eficiência energética, o tempo de vida e a frequência de substituição dos equipamentos, as atividades da cadeia de valor, etc. A nossa intenção é fornecer uma base e uma ferramenta pedagógica para promover o cálculo, os relatórios, a avaliação comparativa e a gestão do Alcance 3 no setor dos data centers.

Para identificar as maiores fontes de emissões, dividimos a pegada de carbono por Alcance, categoria de fonte de GEE, fase do ciclo de vida e subsistema do data center. Assim, descobrimos que:

  • Com base na intensidade de carbono da eletricidade adquirida, as emissões de Alcance 3 podem ser as que mais contribuem para a pegada de carbono total.
  • Os bens de capital são o maior gerador de carbono incorporado.
  • A composição do Alcance 1, 2 e 3 varia ao longo da vida útil de um data center. As emissões de Alcance 1 representam uma pequena percentagem (0.2-0.5%) da pegada de carbono total, enquanto as emissões de Alcance 2 representam entre 31% e 61%. As emissões de Alcance 3 representam 38-69% da pegada de carbono total. No entanto, à medida que o data center utiliza mais energia renovável, a percentagem de emissões de Alcance 2 diminui.
  • A pegada de carbono acumulada total de um data center aumenta de ano para ano devido à combustão contínua de combustível (gasóleo), ao consumo de energia e às atividades da cadeia de valor.
  • O núcleo e a estrutura do edifício do data center representam apenas 6.6% do total de emissões de Alcance 3 antes de a eletricidade ser ativada (ou seja, ao iniciar o ano 1 – apenas carbono incorporado).

Sete ações para reduzir as emissões de carbono de Alcance 3

Com a Data Center Lifecycle CO2e Calculator, os operadores de data centers podem tomar decisões mais informadas sobre a localização, as opções de design, a construção, o funcionamento e a manutenção, de forma a minimizar as emissões de Alcance 3. Com base nas nossas conclusões, recomendamos as seguintes sete ações para reduzir este tipo de emissões:

  • Utilizar mais energia renovável/ limpa
    Esta é uma alavanca importante para reduzir as emissões de Alcance 3 da Categoria 3 de GEE, ou seja, atividades relacionadas com combustíveis e energia. Existem organizações que ajudam os data centers a aumentar o seu mix de energias renováveis, como a Neo Network.
  • Prolongar a vida útil dos servidores
    A nossa investigação mostra que, ao prolongar a vida útil dos servidores por mais um ano, podemos reduzir o carbono incorporado acumulado do data center em cerca de 16%. No entanto, devemos lembrar-nos de que a substituição de servidores deve ser ponderada tendo em conta as melhorias de desempenho e eficiência energética do equipamento de TI mais recente para minimizar a soma do carbono incorporado e das emissões de carbono relacionadas com a energia.
  • Comprar produtos eficientes e com baixo teor de carbono
    Os produtos devem ter um baixo teor de carbono incorporado, ser energeticamente eficientes e ter características que promovam a economia circular, como a durabilidade e a reciclabilidade. A especificação de produtos com base no carbono incorporado é fundamental para minimizar a pegada de carbono de um data center.
  • Reutilizar edifícios existentes para data centers em vez de construir novos
    Esta é uma forma eficaz de os operadores de data centers minimizarem o seu impacto ambiental. Um estudo da Serverfarm mostra que “a modernização dos data centers, que reutiliza os edifícios existentes enquanto expande a capacidade, pode proporcionar 88% de poupança de carbono incorporado em comparação com o custo do carbono material de novos projetos”.
  • Avaliar métodos de construção modulares e pré-fabricados
    Embora não tenhamos efetuado uma análise ambiental quantificada entre as soluções modulares pré-fabricadas e a construção 100% no local, estamos otimistas quanto ao facto de a implementação de soluções pré-fabricadas ter um carbono incorporado mais baixo.
  • Design e operação para a utilização intensiva de TI das instalações
    Quanto mais puder carregar um data center existente, mais poderá adiar a sua expansão, reduzindo as emissões globais de Alcance 3. Isto inclui a monitorização e a melhoria da utilização dos servidores, o design pensado para uma maior utilização das instalações e mais densidade de bastidores, e a redução da capacidade não utilizada.
  • Otimizar a procura de TI
    O data center com menos emissões de carbono é aquele que não precisa de ser construído. Por outras palavras, a otimização da procura de TI para evitar a construção excessiva desempenha um papel importante na redução da pegada de carbono dos data centers.

Os operadores de data centers dão cada vez mais prioridade à redução das emissões de carbono de Alcance 3, pelo que recomendamos que integrem a sustentabilidade nos seus critérios de avaliação quando selecionam fornecedores de equipamento e prestadores de serviços para minimizar a pegada de carbono da cadeia de valor de Alcance 3. Os fornecedores de equipamento para data centers devem disponibilizar, de forma livre e facilmente compreensível, os documentos de divulgação de produtos ambientais (EPD) de Tipo III para os seus produtos.

 

Conteúdo co-produzido pela MediaNext e pela Schneider Electric

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