Rui Damião em 2025-6-18

BIZ

O IT Channel viajou até Sines a convite da Schneider Electric

A transformação do mercado português de data centers

O mercado português de data center está a viver uma mudança disruptiva. O Start Campus, em Sines, não é apenas um projeto ambicioso, mas uma aposta estratégica que capitaliza vantagens geográficas reais que aproveita os investimentos de descarbonização energética que foram feitos nos últimos anos no país

A transformação do mercado português de data centers

O mercado ibérico de data centers está a viver uma transformação sem precedentes, impulsionada principalmente pelo projeto Start Campus em Sines. Os números revelam uma realidade completamente diferente quando se compara Portugal com Espanha: enquanto o mercado espanhol dispõe atualmente de cerca de 330 megawatts de capacidade instalada, com previsões de crescimento para 1,2-1,5 gigawatts nos próximos dois a três anos, Portugal mantém-se numa posição mais modesta com apenas 30 megawatts instalados.

É precisamente neste contexto que o Start Campus emerge como um verdadeiro disruptor. Com uma capacidade planeada de 1,2 gigawatts, este projeto representa uma “distorção impressionante” no panorama português e ibérico, como refere Jordi Garcia, Vice President of Secure Power & Services para a Ibéria da Schneider Electric em declarações ao IT Channel.

O investimento em descarbonização energética e energias renováveis dos últimos anos tornou Portugal significativamente mais atrativo para o setor dos data centers. “Muitos dos investimentos que Portugal fez nos últimos anos, em termos de descarbonização da energia, investimentos renováveis e demais, tornou Portugal muito mais atrativo para todo o mercado dos data centers”, explica Aroa Ruzo, Country Manager da Schneider Electric Portugal.

A localização estratégica de Sines não é casual. Fernando Borges Azedo, Head of Connectivity da Start Campus, destaca que “Sines tem uma posição estratégica única para servir como gateway da Europa para as Américas”, especialmente considerando que “Marselha está saturado e começa a ser muito complicado de passar mais cabos pelo estreito de Gibraltar”. Com projetos como o Olisipo e o Medusa, Sines posiciona-se como ponto de entrada privilegiado para cabos submarinos, “permitindo os cabos chegarem à Europa no ponto mais próximo das Américas e de África”.

Oportunidades para Parceiros

O crescimento exponencial do setor está a criar oportunidades significativas para Parceiros de IT e integradores. Aroa Ruzo enfatiza que os Parceiros “necessitam de investir em talento, em talento que conhece este mundo” e que “devemos aprofundar muito mais em algum conhecimento”.

A evolução tecnológica exige novas competências. “Os Parceiros que temos tradicionais, seja da parte do UPS, mais da parte IT, como da parte de distribuição elétrica, a boa evolução que têm de ter é em relação a serem capazes de integrar software nas suas propostas de valor, de software e serviços”, sublinha Jordi Garcia. Focando-se no Start Campus, Fernando Borges Azevedo reforça esta perspetiva, destacando que o setor “vai ser uma forcing function, digamos assim, para que [os Parceiros] obtenham as competências e que estejam prontos a competir num mercado global e competitivo como é este das telecomunicações”.

O projeto da Start Campus está a gerar um ecossistema de oportunidades que se estende muito além da tecnologia. Fernando Borges Azevedo identifica necessidades “numa amplitude de disciplinas que se calhar a maior parte das pessoas nem sequer relaciona com este negócio, mas que vai desde o frio do ar condicionado do arrefecimento por líquido da parte elétrica”.

A Start Campus está também a investir na formação local e tem “já protocolos com várias escolas e várias universidades para o desenvolvimento de talento e de cursos muito vocacionados para as necessidades que os data centers têm”.

A Start Campus representa mais do que um simples data center: é um catalisador de transformação não só para o mercado de data center em Portugal, mas também para todo o mercado ibérico. Com Portugal a posicionar-se como destino preferencial para hyperscalers e empresas que procuram soluções sustentáveis e eficientes, o setor está a criar oportunidades significativas para Parceiros prontos a evoluir e investir nas competências do futuro.

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