Rui Damião em 2021-10-15

A FUNDO

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O futuro de um mundo mais inteligente

As organizações são cada vez mais inteligentes. O crescimento do IoT e do Edge, por exemplo, levaram a que as organizações tomassem decisões mais informadas que são fulcrais para o futuro das empresas. Extreme Networks, Ingecom, Maxiglobal, Schneider Electric e Tech Data discutiram, em mesa-redonda, o mercado - atual e futuro - de Smart, IoT e Edge

O futuro de um mundo mais inteligente

Da condução autónoma às cidades inteligentes, da segurança pública à produção fabril, a Internet of Things é cada vez mais importante na nossa sociedade. Devidamente planeadas e implementadas, estas tecnologias permitem tomar partido dos grandes volumes de dados gerados na era digital, não só para agilizar e automatizar processos pré-existentes, como para desenvolver novas aplicações anteriormente inexequíveis.

No entanto, estas tecnologias requerem também velocidades de processamento e resposta sem precedentes, necessitando a migração da computação da cloud para o edge.

Transformação digital

Por força de tudo o que aconteceu no último ano e meio, as organizações tiveram que se reinventar. As empresas que já tinham iniciado a sua jornada de transformação digital tiveram um avanço durante a pandemia. Após o período pandémico, é quase impossível encontrar uma organização que ainda não tenha começado a sua jornada de transformação digital.

Ana Carolina Cardoso, Iberia IT Channel Director da Schneider Electric, refere que “as empresas tiveram que se reinventar” durante o período pandémico e que, “nos últimos anos, houve um crescimento de migração para a cloud até por causa de ruturas de stocks de servidores, por exemplo. Empresas que antes estariam reticentes de ir para a cloud, tiveram de ir e de adaptar as suas infraestruturas on-premises. Mesmo nós, dentro da Schneider Electric, tivemos que adaptar a maneira de prestar serviços, indo mais ao serviço digital, de monitorização à distância. Foi uma grande transformação que veio para ficar, não volta atrás. O que vimos nos últimos tempos, foram as empresas a voltar a adotar de tecnologias digitais e a voltar a prestar mais atenção na infraestrutura existente, tanto que o nosso negócio de edge computing cresceu 260%”.

Nuno Rocha, Diretor Técnico da Extreme Networks Portugal, confirma que “houve uma grande transformação no seio das empresas como um todo. O futuro tem muitas vezes a ver com a parte social, também, e com a aceitação do trabalho remoto. Temos vários exemplos de clientes e Parceiros que estão a diminuir a sua infraestrutura dentro de casa para a exportar para a casa dos colaboradores; a noção de empresa torna-se mais infinita, sem limites físicos e muito mais distribuída”. Esta realidade traz “muito mais desafios” e onde a Extreme “responde com serviços baseados na cloud, com serviços desagregados das grandes localizações e vemos uma evolução muito grande dentro desse ambiente – tanto em Portugal como no resto da Europa”. Esta realidade onde não existe limites físicos tão restritos vai “mudar muita coisa dentro do panorama empresarial”.

Ivan Couras, Chief Sales Officer da Maxiglobal, afirma que “a transformação digital é uma realidade atual e inevitável que, a longo prazo, as empresas terão de enfrentar e que já estão a enfrentar. Esta transformação faz com que a área dos pequenos data centers edge cresça – e é o que tem acontecido – e também os data centers convencionais se tornem mais eficientes, ágeis, modulares que permitam evolução. Atrás disto, a própria conectividade da infraestrutura terá de aumentar e os clientes procuram incrementar a velocidade de transmissão das suas redes e criar algumas redundâncias no backbone das fibras. No fundo, há uma certa preocupação acrescida com a segurança e em digitalizar os sistemas de segurança eletrónica para poder ser mais ágil nas atuações, notificações e atuação em tempo real nos sistemas. Também o tema da Indústria 4.0 trará processos mais eficientes, redução de consumos energéticos e conectividades muito mais rápidas e em simultâneo”.

Diogo Pereira, Cybersecurity Business Developer Manager na Ingecom, partilha que “o que parece é que o processo [de transformação digital] correu bem para a maioria das empresas. Revelámos ter um tecido empresarial totalmente flexível e que se soube adaptar a tudo o que aconteceu, porque continuaram a trabalhar e se adaptaram para continuar a produzir e gerar negócio. O que noto muito ligado à minha atividade – a cibersegurança – que ficou um bocadinho para trás é precisamente a cibersegurança. É normal que o tema venha agarrado nos processos de transformação, mas não vem agarrado num primeiro plano. Os investimentos em informática, em modernização e transformação digital têm de ser acompanhados por investimentos em cibersegurança. Em contraponto com o que disse no início, estes investimentos têm de ser acompanhados por investimentos que possam ser mais seguros. É aí que ainda há muito para fazer”.

Dados como bem precioso

É sabido, há já vários anos, que os dados são um bem precioso para as organizações. Hoje, uma organização que não utilize dados para se orientar, está ‘cego’ no mercado, não percebendo as tendências que estão a acontecer quase em tempo real e não tirando o valor dos dados que as organizações produzem. É imperativo que qualquer organização tire o máximo partido dos dados que têm ao seu dispor.

João Pedro Silva, Next Generation & Security Business Manager da Tech Data, diz que “os dados são como a farinha para o pão; é o ingrediente principal. Os dados têm de ter qualidade, consistência e, como pão, têm de ser trabalhados e moldados para que o produto final seja fácil de digerir, seja objetivo, seja apelativo e tragam pontos de decisão para os gestores e intervenientes, ou sejam preparados para serem automaticamente tratados – como é no caso da inteligência artificial. Para isso, os Parceiros contam com ferramentas de preparação desses dados nas áreas de inteligência artificial, big data e analytics”. Existem várias soluções que “retiram o essencial do dado que é necessário para o tal apoio da decisão. Ou então, se a ferramenta tiver inteligência artificial, para emitir documentos, reencaminhamentos e respostas automáticas a emails e outras coisas na área de IoT, como ativação de sistema de rega”.

Sobre a proteção dos dados, Diogo Pereira partilha que “os dados são uma preocupação já há muito tempo, desde os tempos do RGPD. Vejo os dados de outra perspetiva, não só de proteção de informação confidencial ou dados pessoais, mas também numa perspetiva de tomada de decisão de negócio; são essenciais para as empresas para gerar valor. São o asset mais importante para qualquer organização. Dentro da cibersegurança, temos três ou quatro fabricantes que previnem a perda ou o roubo da informação muito essencial para as organizações. Estamos a falar de soluções como data loss prevention que fazem um rastreamento total dos dados da organização e detetar aqueles que são mais importantes para a empresa e garantir que esses dados não saem para fora ou não chegam às mãos de quem não deve ter acesso a esses dados”.

Ana Carolina Cardoso refere que “mais do que a questão da inteligência” é importante falar da “eficiência” dos dados. “O que se prega com a questão da transformação digital e digitalização de processos, esses dados, é tirar informação que nos ajudem a ter inteligência artificial, a ser mais assertivos numa questão de definição de infraestrutura e, até, prever possíveis falhas e problemas e antecipá-los antes que aconteçam e tenha de ser tomada uma ação corretiva, para evitar que exista alguma perda. Esse é o principal benefício da utilização de dados dentro de uma empresa. A digitalização de processos dentro da indústria tem esse objetivo: remover os gaps, diminuir recursos e custos e melhorar a eficiência. Não nos podemos esquecer que esta eficiência também está ligada ao tema da sustentabilidade” e que vai resultar na transformação de processos.

Ivan Couras reafirma que “os dados são muito importantes no contexto atual. Nós próprios incentivamos os nossos clientes a colocar todos os seus equipamentos a comunicar em rede; em contexto de data center, tentamos colocar todos os equipamentos de energia, de AVAC, de segurança tudo a comunicar com uma plataforma que congrega todos esses dados e permite visualizar e acompanhar o estado dos equipamentos. Temos uma outra plataforma que permite, também, atuar que pode desligar ou programar equipamentos e ter o controlo quase absoluto sobre a instalação. Há essa importância de ter os dados na rede do cliente para que o cliente possa monitorizar e acompanhar toda a sua instalação. Em termos de tendências, o big data e o armazenamento e a segmentação dos dados são uma preocupação para que os dados sejam tratados para fazer análises em tempo real e estudos de mercado”.

O papel das redes 5G e Wi-Fi 6

Ainda que a adoção de 5G esteja atrasada em Portugal, esta rede de próxima geração é extremamente importante para a utilização dos mais variados sensores que já existem e que ainda vão existir. O Wi-Fi 6 pode não só ser um substituto das redes 5G, mas também uma rede complementar para as organizações e para a sua atividade.

Mesmo sabendo que o 5G ainda está um pouco atrasada no território nacional, Nuno Rocha explica que “será um tema que vai revolucionar bastante o tema das comunicações, principalmente quando pensamos em cidades inteligentes; é aí que vai haver a maior transformação. Dentro das redes internas das empresas continuaremos a ter o wireless. O IoT não é só cidades inteligentes, também são empresas inteligentes. Dentro do que são as quatro paredes de uma empresa, o 5G nem sempre é a melhor opção que as empresas podem procurar, até por uma questão de segurança e exposição ao público, e essa é uma necessidade muito grande”. Ainda que exista a necessidade de conectividade em todo o lado, também é necessário manter a segurança dessa mesma conectividade e de todos os dispositivos conectados à rede para minimizar a possibilidade de um ciberataque.

Diogo Pereira (Ingecom) explica que “o ciberataque vem sempre através do ponto mais fraco de uma organização. Se, até agora – e vai continuar a ser –, o ponto mais fraco é a pessoa, porque erra e clica onde não deve, o ponto mais fraco no que respeita ao 5G e ao IoT é o dispositivo que não tem qualquer segurança by design. São sistemas operativos muito legacy que têm muitas vulnerabilidades que já são conhecidas” pelos cibercriminosos e onde “existem exploits preparados para que uma pessoa – que não tem de ser muito conhecedora – com um clique consegue atacar uma organização. Já existiram lâmpadas [conectadas] atacadas e, através dessas lâmpadas, foi atacada toda a rede de uma casa e conseguiram exfiltrar dados”.

João Pedro Silva afirma que “é extremamente importante que haja uma perceção, por parte dos Parceiros e que o transmitam com cada vez mais força aos clientes, que investirem em 5G ou coisas IoT e IIoT é necessário que seja acoplada uma solução global. É importante que exista uma solução que engloba segurança e o resto; é indissociável a segurança da solução que vão incorporar de IoT e de dados. A transmissão de dados via redes de telefonia móvel veio até ao 4G atual e vão chegar a um ponto em que teremos 100Gbps. Existe uma imensidão de possibilidade de atacar esse alvo, por isso é que tem de ser protegido. Em termos de coisas positivas, estamos a falar de aumentos de performance, com o 5G, maiores do que existiu na evolução dos CPU. Com esta possibilidade de transmissão de dados vamos poder ter, por exemplo, interação entre veículos autónomos” e muitas outras possibilidades que, até agora, não eram possíveis de acontecer.

Ivan Couras (Maxiglobal) afirma que “a oportunidade no IoT é imensa”, uma vez que “obriga a que haja evolução em toda a infraestrutura do cliente, em todos os sistemas de data center. Há uma preocupação acrescida com a redundância de fornecimentos de energia e temos apoiado muito nesse sentido, na criação de alimentações elétricas suplementares, sempre com comunicação remota para o cliente saber o estado do equipamento e da instalação. Os próprios software de gestão dos sistemas que terão que existir para apoiar na questão da segurança eletrónica no caso de CCTV com inteligência artificial, por exemplo. Todas estas questões estão interligadas e temos sentido um certo avanço por parte da indústria no IoT e algum investimento nessa área, por exemplo, para aumento de larguras de banda”.

Cibersegurança dos dispositivos conectados

São conhecidos vários ciberataques que tiram proveito de dispositivos IoT pouco seguros para levar ataques de larga escala contra a própria organização. Com a crescente adoção destes dispositivos e sensores, nenhuma empresa deve descurar a sua proteção, até para o bem da sua operação futura.

Diogo Pereira indica que “muito do que é cibersegurança hoje em dia é são updates de software porque – e vemos isso nos nossos smartphones – são lançadas patches de segurança que corrigem vulnerabilidades conhecidas. O foco aqui são vulnerabilidades; todos os softwares – e isso inclui dispositivos IoT – têm vulnerabilidades. São necessárias soluções que permitam detetar e gerir estas vulnerabilidades, tanto detetar a vulnerabilidade em si, como gerir a remediação, para saber o que posso fazer para não ter – ou minimizar – esta vulnerabilidade no meu software ou dispositivo. Mas os patches de segurança são muito dificilmente aplicados às empresas porque são uma carga de trabalho e um risco grande; um update de um simples Windows a uma organização pode ser uma dor de cabeça. No entanto, há soluções que fazem a gestão do ciclo de vida destes updates nos sistemas e dispositivos, minimizando esse impacto”.

Nuno Rocha (Extreme Networks) refere que “o foco na proteção da rede já é uma coisa que já vem de há muito tempo; começou com uma coisa a que chamamos políticas. Por causa destas e de outras questões, temos uma solução que, à porta do switch, aplica uma política de segurança que vai filtrar o tráfego todo até à camada aplicacional e isto permite-nos dar uma segurança acrescida. Os equipamentos terminais podem ser corrompidos, mas nós conseguimos controlar qual é a comunicação desses equipamentos. Em IoT, isto é uma coisa que se torna muito simples porque o comportamento de um sensor de IoT é muito específico. Esta solução também adiciona a barragem à comunicação lateral de sensor para sensor. O ataque Mirai teve como target as câmaras de CCTV e houve uma propagação lateral do hacking; conseguimos endereçar essa questão”.

Abordando o IoT, “uma área que vai crescer em Portugal”, João Pedro Silva diz que “os maiores fabricantes estão a apostar forte em edge computing; o edge computing pode ser uma área que pode isolar completamente a rede e evitar que os dispositivos ou sensores transmitam informação para a cloud ou para a web, vedando, assim, possíveis ataques”. Vários fabricantes têm vindo a anunciar equipamentos dedicados à área de edge compupting, para comunicações com sensores, por exemplo. “Quando é necessária uma abertura desses dispositivos à cloud”, indica o representante da Tech Data, há fabricantes que têm soluções específicas para essas situações e para proteger toda a infraestrutura da empresa. Existem, também, outras oportunidades para os Parceiros, como na área da saúde, para proteger os equipamentos OT dentro deste setor.

Ana Carolina Cardoso (Schneider Electric) afirma que “a cibersegurança é o tema. Hoje, está no top 5 das principais preocupações dos CIO e falamos de transformação digital, Indústria 4.0, a implementação de software e automação industrial… tudo isso passa por segurança. Procuramos ajudar os clientes e os Parceiros a discutir cibersegurança; sempre fomos uma empresa de hardware e estamos a transformar- nos para uma empresa fornecedora de software para gestão industrial. Hoje, temos um grupo interno focado em cibersegurança que testa os equipamentos e está disponível a conversar com os clientes. Quando falamos de IoT, principalmente em ramo industrial, unimos duas grandes áreas: a manufatura e o IT. Explicar cibersegurança dentro da manufatura é a principal preocupação dentro da Indústria 4.0”.

Adoção por verticais

Fruto das circunstâncias, há verticais que têm vindo a investir mais neste tipo de tecnologias de outros, até porque o próprio mercado pode estar mais virado para determinados setores onde, acreditam, podem ter um retorno financeiro mais rápido.

Ivan Couras indica que “a indústria, pela questão da Indústria 4.0, está com maior avanço nesta área e está a ser impulsionada pelas novas tecnologias como 5G, Wi-Fi 6, IoT e edge. Isto está a causar efeitos nos modelos de negócio da indústria e nos sistemas de produção. O que vemos é uma oportunidade de crescimento; há algumas indústrias que ainda não têm instalações de acordo com estes padrões e ainda vão ter de inovar e evoluir a infraestrutura onde, muitas vezes, nem data centers têm e que vão ter uma grande necessidade tecnológica ou vão ficar para trás. Na indústria internacional isto está a acontecer de uma forma muito dinâmica. É preciso que a indústria mais familiar também siga esse caminho”.

Ana Carolina Cardoso explica que, “há dois anos, o retalho era quem estava a melhorar a sua experiência de consumidor e da digitalização das lojas; na altura era a indústria que estava a evoluir mais e foi, também, a que mais sofreu durante a pandemia e teve de evoluir para o e-commerce. A pandemia congelou os investimentos no segmento e quem não tinha e-commerce teve um impacto muito grande. Quem mais cresceu durante a pandemia foi healthcare; tudo o que é saúde teve de se adaptar. Vídeoconsulta, consultas à distância, exames à distância e até cirurgias com robôs são hoje uma realidade. Teve uma aceleração brutal que veio para ficar em conjunto com a indústria por conta da eficiência energética”.

João Pedro Silva diz que “a Indústria 4.0 pode alavancar muito em Portugal e usa cada vez mais inteligência artificial, não só no IoT puro, com dispositivos, mas também na vertente de big data e analytics que podem impulsionar muito esta vertente de produzir melhor e ajudar a vender mais rapidamente os produtos que produzem. Também na saúde, existem múltiplas soluções que vão desde desinfeção automática, reconhecimento da pessoa com interligação à abertura da porta, por RFID, ainda a deteção automática de quedas de acamados onde as câmaras de CCTV que têm tecnologia de analítica integrada que fazem a deteção de movimentos e fazem o alerta automático”.

Nuno Rocha afirma que “na parte da venda existe, cada vez mais, a necessidade de redes. Uma pessoa, quando vai a uma loja, quer estar ligada e hoje vemos a evolução para as primeiras lojas onde os consumidores nem sequer têm de ir à caixa, pode chegar, tirar o que quiser e sair; isso só pode acontecer através de IoT e não há outra tecnologia que esteja por trás. Claro que para o fabricante há o suporte para a comunicação. Também a industrialização dos armazéns, que tem vindo a acontecer lentamente, tem vindo a aumentar; primeiro pela baixa de custo dos sensores e robôs que permitem isso, e, depois, pela própria tecnologia que evoluiu ao ponto de ser confiável e hoje começamos a ter uma evolução muito rápida e acessível, como a gestão de armazém automatizado”.

Oportunidade para os Parceiros

Como é habitual, os Parceiros de Canal têm várias oportunidades, mas também desafios. Num mercado tão desafiante como o de smart, IoT e edge, o Canal deve perceber quais as reais necessidades dos seus clientes e aconselhar a melhor tecnologia e quais as melhores práticas que podem adotar para serem organizações mais inteligentes e tomar melhores opções para as suas operações.

João Pedro Silva (Tech Data) partilha vários estudos que referem que “até 2025, o mercado de big data vai faturar 229 mil milhões de dólares. Globalmente, o mercado de IoT vai valer, em 2027, 1,8 biliões de dólares. Em termos de armazenamento global, em 2025, é esperado um total de 180 zetabytes de dados; em 2005, os dados gerados por IoT eram cerca de 73 zetabytes. A inteligência artificial vai valer, em 2023, 2,9 biliões de dólares. Isto são números absolutamente astronómicos na área de IoT. Em Portugal, o IoT está a crescer, ainda é um bebé e estamos em green field na maior parte das áreas e o IoT está a começar a existir. As smart cities ainda são exemplos muito parcos em Portugal. Como tal, temos um vastíssimo mercado para crescer”.

Ana Carolina Cardoso (Schneider Electric) refere que “a digitalização que está a impactar o edge computing” é uma oportunidade para os Parceiros nacionais. “A minha recomendação”, diz, “é quando estiverem a desenvolver qualquer solução de IoT e de 5G, a questão digitalização de plantas, perguntar onde e como será instalado, como é possível garantir a efetividade e a disponibilidade destes equipamentos que, provavelmente, vai resultar num micro data center e, mais do que isso, é garantir e perguntar como é que o cliente vai gerir essa infraestrutura. Na questão do investimento em IoT e no desenvolvimento de Indústria 4.0, estamos a falar de investimentos de IT descentralizado, ou seja, não estamos a falar de grandes data centers, mas sim de pequenos e múltiplos data centers. A visibilidade disso, para o cliente, é muito importante e que pode chegar a uma aplicação de software de gestão que vai fazer a monitorização remota de todos estes centros [de dados] distribuídos. É aí que está a rentabilidade. Se pensarmos no hardware puro e duro, muitas empresas fazem e passamos para uma competitividade normal. A minha sugestão é pensar em incluir software e serviços digitais como um upgrade para as soluções, um diferencial, assim como um incremento de rentabilidade para a faturação das empresas”.

Através da partilha da experiência da Maxiglobal, Ivan Couras dá como exemplo o tema do edge e dos micro data centers, em que “temos clientes que constroem uma unidade no estrangeiro, na Europa, em África, e, ao longo da construção do edifício, também construímos o nosso micro data center e no dia menos um da fábrica arrancar é enviado o micro data center, no dia zero é ligado e no dia um a fábrica está a laborar com o data center já implementado com a possibilidade do cliente, através de Portugal, controlar e monitorizar” esse data center.

Esta é, indica, a “oportunidade que cada vez mais vai surgir: a rapidez de implementação, a disponibilidade dos dados em pequenos data centers e esta capacidade de dar resposta a este mercado que é cada vez mais exigente na questão do edge”. Ao mesmo tempo, o crescimento do IoT “irá exigir, forçosamente, uma evolução do data center comum e também teremos como oportunidade o IT container que será um data center maior, mas em contentor que poderá ser aplicado num espaço que o cliente tenha disponível e também será uma solução rápida de implementar”.

Para Diogo Pereira, “as oportunidades são gigantescas”, mas “a cibersegurança é o tema”. O representante da Ingecom dá como exemplo as lojas de telemóveis que não vendem apenas o equipamento, mas também “as capas e os seguros” e as lojas de motas não vendem apenas o veículo, mas também “o equipamento necessário para a segurança”. Deste modo, “a segurança acaba por ser alavancada por este tema e por esta evolução” e torna-se “numa oportunidade gigante para os Parceiros” que não devem “focar-se apenas na solução de produtividade, nas soluções de 5G e de IoT”, mas também “naquilo que podem aportar de valor para as empresas e que as empresas vão procurar, como é a cibersegurança para proteger esta evolução”. Na Ingecom, os técnicos especializados apoiam os Parceiros a trabalhar com todos os fabricantes que representa nos vários mercados onde está presente, salientando que “os Parceiros vão ter de trabalhar cibersegurança; é um tema importantíssimo. Apesar de ser um desafio importantíssimo e complexo, a recompensa também é maior”.

Por fim, Nuno Rocha refere que, no caso da Extreme Networks, os Parceiros têm várias oportunidades “que entram dentro deste ambiente. A primeira parte está na área da conectividade e estamos a lançar os novos AP Wi-Fi 6E e isso vai ter muita influência na conectividade do IoT; é uma zona de grande oportunidade. A segunda é a parte da segurança, que é sempre permeável, e temos de, numa solução de acesso à rede, assegurar o tráfego dentro da própria rede, sendo uma grande oportunidade junto dos clientes, mesmo com opções de integração com outros fabricantes para complementar o ambiente de segurança. No terceiro tema temos a monitorização, saber o que se passa dentro de casa; sem saber o que se passa não conseguimos atuar, não conseguimos prever. O IoT vai ter uma forte componente dentro do tráfego e precisamos de saber onde é que temos de investir, de melhorar a rede para depois colher os frutos”.

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