Nuno Meireles, Consultor Michael Page, Information Technology em 2021-6-22

OPINIÃO

Liderança

Tecnologia pós-Covid19. O que mudou e o que podemos esperar

Há sensivelmente 18 meses que a sociedade como a conhecíamos sofreu, por conta da pandemia que ainda vivemos, profundas alterações

Tecnologia pós-Covid19. O que mudou e o que podemos esperar

Nuno Meireles, Consultor Michael Page, Information Technology

Todos nós sentimos o impacto da mudança de forma mais ou menos abrupta, mas importa compreender nesta fase qual é o papel da tecnologia nesta crise sanitária e de que forma alterou os nossos hábitos.

De forma repentina, milhões de pessoas foram enviadas para casa e as suas rotinas foram quebradas. O teletrabalho tornou-se uma realidade imposta, mas por muitos desejado antes da pandemia, e os jovens viram-se privados do ensino presencial, alguns até mesmo do acesso ao ensino durante largos meses. A decisão de confinar a população prendeu-se por motivos de saúde pública, todavia poucos conseguiam prever a duração e a avalanche de problemas que daí iriam surgir. As empresas viram- se obrigadas a investir na digitalização e atualização dos seus sistemas para que permitissem aos seus colaboradores exercer as suas funções com eficácia desde casa e a educação sofreu um duro revés pela falta de meios disponíveis, tanto pelas instituições como pelos alunos espalhados pelo país.

Os desafios multiplicaram-se nesta matéria e o impacto verificado vai muito além dos meios palpáveis. Trabalhar ou estudar em casa tornou-se normal, mas será que é realmente aquilo que todos querem? E qual será a melhor forma de manter as equipas motivadas e produtivas? Daqui em diante levantam-se dúvidas em relação às melhores práticas – um modelo de trabalho flexível, totalmente remoto ou “marcha-atrás” assim que possível? Certo é que, perante mudanças de paradigma como esta, os profissionais perceberam que a constante adaptação e procura por novas competências será uma mais-valia para a sua carreira. Do lado das empresas exigiu-se a mesma necessidade de adaptação. A distância obrigou à mudança na forma de gerir as equipas e todos os que estamos ou estivemos em teletrabalho sentimos essas dificuldades. Para uns o problema prendeu-se com a capacidade de manter a concentração e o foco, enquanto que outros deram por si dedicados horas a fio ao trabalho, perdendo a noção do momento de parar. Enquanto todos tentávamos encontrar a melhor solução, as empresas e as chefias procuraram incessantemente novas formas de gerir e motivar os seus colaboradores, sem conseguir mesurar o impacto desta realidade na satisfação dos mesmos. Duvidas entre reuniões diárias, chamadas de convívio, ou um modelo mais flexível e distante (para não caírem no erro da microgestão) passaram a fazer parte do dia a dia.

Até aqui, e apesar de irmos assistindo a várias dificuldades relativamente à melhor forma de a colocar em prática, a tecnologia provou ser uma enorme aliada, nomeadamente na automação e digitalização, que foram elementos preciosos para muitos outros setores de atividade, permitindo a sua subsistência e até a emergência de novas formas de gerir alguns aspetos da nossa vida. O retalho, através do e-commerce, é o exemplo mais direto da relevância da tecnologia, dado que vimos disparar a nível mundial todo o tipo de compras online, bem como novas formas de atendimento ao cliente (chats online ou a inteligência artificial através de um chatbot). Foi, sem dúvida, uma oportunidade perante uma crise sem precedentes para a aposta (que já vinha a ser ponderada) nestes canais e que para muitos foi uma solução permanente.

A telemedicina é outra área em franca expansão que se deve em grande parte à pandemia. A tecnologia foi colocada ao serviço para o acesso à saúde quando os hospitais procuraram alternativas para conseguir seguir o maior número de doentes que, em muitos casos, têm receio de se deslocar a uma unidade de saúde.

A resposta para o final da pandemia é algo que ainda não podemos prever, nem quais os efeitos que perdurarão indefinidamente nas nossas vidas, mas podemos afirmar que a digitalização veio para ficar e cabe-nos acompanhar o ritmo da mudança e inovação. Parece certo que haverá espaço para debate nos próximos meses sobre múltiplas formas emergentes de trabalhar, estudar e viver o nosso quotidiano, com a certeza de que existirão equilíbrios diferentes para todos e que o diálogo e a flexibilidade poderão ser um ponto de partida importante para a definição de novos paradigmas na sociedade com a tecnologia como aliada.

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