Ignacio Martín, Dell Technologies Channel Director em 2020-1-02

OPINIÃO

Sustentabilidade nos negócios de A a Z

A necessidade de adotar práticas empresariais sustentáveis está a tornar-se cada vez mais relevante

Sustentabilidade nos negócios de A a Z

Ignacio Martín, Dell Technologies Channel Director

Com as manchetes a serem dominadas por protestos de estudantes e imagens de plásticos a poluir os nossos rios e oceanos, vivemos agora num mundo que está desperto para a necessidade de os negócios assegurarem que não estão a impactar negativamente o nosso planeta, mas a ajudar a reduzir a nossa pegada ecológica. Enquanto a geração Z entra no mercado de trabalho com um propósito claro, e consumidores iluminados colocam pressão nos negócios para que estes ofereçam transparência em torno das cadeias de abastecimento, todas as indústrias são confrontadas com o mesmo panorama: ou se adaptam ou são ultrapassadas.

Sucesso é, e será cada vez mais, definido pela capacidade do negócio em demostrar o seu foco e concentração na sustentabilidade. Isto significa mais do apenas falar, sem agir, e para o Canal isso requer uma maior colaboração e objetivos partilhados. Desde centros de dados sedentos de energia, a cadeias de abastecimento cada vez mais complexas, o setor da tecnologia tem um enorme papel a desempenhar. Como em todas as outras indústrias, há implicações ambientais, sociais e económicas. De facto, a tecnologia que está orientada para consolidar as práticas sustentáveis será, por defeito, cada vez mais centrada nos dados e irá levar maior pressão ao Canal, fomentando a sensibilidade ambiental, e práticas e cadeias de abastecimento com uma maior inteligência de recursos.

Atualmente, todos sabemos que a “explosão de dados” está no horizonte. De acordo com o estudo IDC, a dataesfera global – uma medida de quantos dados são criados e replicados por ano – irá crescer mais de cinco vezes nos próximos sete anos. Em 2025 prevê-se que a quantidade total de novos dados criados aumente para 175ZB, em oposição aos 33ZB em 2018.

O estudo sugere ainda que cerca de um terço da dataesfera será guiada pelo crescimento da vigilância de vídeo, sinais de aparelhos IoT, metadados e entretenimento. Um dos cinco segmentos com crescimento mais acelerado na criação de dados é atribuído a vídeos online originados e consumidos pelos utilizadores, como é o caso do YouTube. Estamos à beira de um momento tecnológico incrivelmente emocionante e os negócios estão à procura de conselheiros fiáveis para fornecer maior conhecimento dos seus ambientes, e guiá-los através de transformações personalizadas que os permitam agarrar as oportunidades em curso. E a sustentabilidade tem de fazer parte da equação.

Alguns negócios podem estar ainda a “coçar a cabeça” no que se refere a perceber verdadeiramente o que o termo sustentabilidade significa. Por exemplo, Sustainable Public Procurement (SPP) é um processo através do qual as autoridades públicas procuram atingir um equilíbrio entre três pilares de desenvolvimento sustentável – económico, social e ambiental – quando obtêm bens, serviços ou tarefas em todas as fases do projeto. Este é o ponto mais sensível para os Parceiros de Canal, que se poderão sentir em causa quando um potencial cliente questiona, no momento da proposta, como é que o seu negócio está a procurar minimizar o seu impacto no mundo. Os que apresentam provas concretas e detalhadas é mais provável que consigam fechar o negócio – e ainda bem.

Enquanto a indústria de IT cresce e os centros de dados se expandem, é essencial que os Parceiros levem esta questão a sério. Mas, em última instância, os negócios têm de ser liderados pelo exemplo – e isso tem de ser definido pelo governo. Melhorias nas práticas de sustentabilidade podem ser influenciadas de fora para dentro, com, por exemplo, a Diretiva de Contratos Pública da UE de 2014 a afirmar que os negócios têm de ter em conta o quão sustentável são as escolhas de IT, em vez de se concentrarem no preço competitivo. No entanto, estas opções precisam de ser apoiadas e potenciadas com os negócios em todas as indústrias a serem responsabilizados sob as mesmas diretrizes – criando objetivos facilmente percetíveis e estandardizados.

Tome-se como exemplo o projeto EURECA financiado pela Comissão Europeia, que foi executado para ajudar organizações do setor público em sete países europeus a identificar os impactos ambientais e financeiros dos seus centros de dados. Em 2018, depois de três anos de trabalho, o projeto revelou que avaliar 350 centros de dados do setor público ajudou a poupar 45 horas de gigawatts e poupar 4,5 milhões de euros anualmente. Tal chama à atenção para os encargos financeiros e ambientais que práticas insustentáveis camufladas e as tecnologias podem trazer a uma organização, assim como os ganhos substanciais que podem ser realizados através de ajustes às operações e processos em vigor.

Com a pressão do consumidor final e os requisitos políticos de sustentabilidade e as iniciativas de governo a elevarem a fasquia, os Parceiros de Canal têm também de olhar internamente. No final de contas, a confiança numa empresa começa com transparência, e os clientes esperam-na. Isto significa criar relações abertas e de partilha de conhecimento com Parceiros e pares, de forma a fazer progredir práticas de trabalho sustentáveis – e, da colaboração, nasce a inovação. Apoiar e delegar quem está alinhado e envolvido na cadeia de abastecimento irá reforçar a transparência e confiança.

Em última instância, progredir em direção a objetivos de uma cadeia de abastecimento mais sustentável concede aos negócios vantagem competitiva, contribuindo para um conjunto de inovação contínua que possibilita negócios futuros – num mundo onde os recursos ambientais e sociais são ouro. Mas nenhum Parceiro está no mundo sozinho. O extraordinário só se consegue atingir em conjunto e isso inclui a sustentabilidade.

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