Adolfo Barroso, Digital Buildings and Segments Director, Schneider Electric em 2020-4-13

OPINIÃO

Seis passos para reduzir o risco de propagação de doenças infeciosas nas instalações hospitalares

O surto do novo Coronavírus (COVID-19), categorizado como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), colocou em estado de alerta os sistemas de saúde de todo o mundo, na tentativa de protegerem os seus pacientes e forças de trabalho

Seis passos para reduzir o risco de propagação de doenças infeciosas nas instalações hospitalares

Adolfo Barroso, Digital Buildings and Segments Director, Schneider Electric

A rápida propagação deste novo vírus, sobre o qual muito está ainda por saber, exige esforços reforçados por parte dos gestores das instalações hospitalares.

Assegurar a operação otimizada dos sistemas HVAC é crucial para a minimização do risco de infeções dos pacientes e equipa médica. Para isso, é necessário que os gestores das instalações trabalhem de forma concertada com a administração dos hospitais, bem como com especialistas em doenças infeciosas, para conseguir a máxima eficiência nesta questão.

O que podem fazer as instalações hospitalares?

Para minimizar o risco de exposição, os trabalhadores do setor da saúde devem seguir à risca os protocolos de controlo de infeções e fazer uma triagem rápida, e consequente isolamento, dos pacientes com COVID-19 ou outras infeções respiratórias. Os pacientes devem colocar máscaras cirúrgicas até serem transferidos para uma sala de isolamento para doenças infeciosas de ocupação única – estes quartos são pensados para que se mantenham em pressão negativa e assim proteger a equipa clínica, outros pacientes e visitantes do risco de infeções por transmissão aérea.

No caso de não possuírem AIIRs suficientes, os hospitais devem isolar os pacientes em salas de exame e transferi-los para outra instituição assim que possível. Algumas instalações possuem salas de triagem que podem ser transformadas em quartos de pressão negativa, o que requer um sistema avançado de ventilação mecânica. Seja qual for a situação, o ar desses quartos não pode ser recirculado.

As instalações hospitalares podem garantir a segurança das suas operações se procederem à monitorização e controlo das seguintes seis áreas:

1. Manter a taxa de renovação de ar adequada

Ainda que de momento se considere que o vírus COVID-19 é transmitido por meio de gotículas, ainda não é claro quanto tempo se mantém presente no ar. De acordo com uma pesquisa da Cole and Cook , as gotículas expelidas podem ter diâmetros entre 20 e 40µm, o que significa que são pesadas e vão pousar em superfícies. O fluxo de ar e a sua taxa de troca, por si sós, não vão ter um impacto significativo na transmissão, a não ser que o ambiente cause evaporação, transformando as gotículas em aerossóis. As instalações devem tomar medidas para garantir que as taxas de troca de ar se mantêm elevadas.

2. Manter a pressão negativa

Este ponto é importante para garantir que o fluxo de ar se mantém no vetor correto. O AIIR deve ser mantido em pressão negativa em relação às áreas que o circundam e esta deve ser monitorizada e registada de forma contínua. Se algo estiver mal, a equipa médica deve receber alertas através de ecrãs no local e/ou notificações. Já se registaram vários casos de infeção quando a pressão foi revertida por se terem aberto as portas dos AIIR.

3. Controlar o acesso ao AIIR

A gestão deve ser feita de forma a que se mantenha um registo de todas as pessoas que tiveram acesso a este quarto, e deve garantir-se uma antecâmara para manter a pressão. Utilizar um sistema de controlo de acessos rigoroso, que apenas permita a entrada a pacientes e pessoal autorizado, limitará o número de pessoas expostas. Se for combinado com um sistema de seguimento em tempo real, permitirá mais visibilidade sobre quem entrou no quarto e para onde se dirigiu em seguida. A antecâmara é também importante para que os profissionais disponham de um local onde colocar o equipamento de proteção individual. Se se garantir que a porta do quarto e da antecâmara não são abertas ao mesmo tempo, o regime de pressão não será afetado

4. Controlar a temperatura e a humidade

A função do sistema HVAC é oferecer condições confortáveis aos pacientes, mas é sabido que a temperatura e a humidade também impactam o crescimento e a sobrevivência de vírus e bactérias. Segundo diversos estudos , neste momento ainda não é possível definir o papel da humidade (seja relativa ou absoluta) e da temperatura na transmissão do COVID-19. Os AIIR devem estar equipados com monitorização de temperatura e de humidade relativa, mas outras áreas dos hospitais não poderão contar com o mesmo nível de controlo – tipicamente, a humidade é medida através de um exaustor comum. No entanto, com os sensores IoT, é agora mais fácil proporcionar monitorização destes parâmetros para cada divisão, e dessa forma conseguir uma análise mais detalhada, para que as equipas de controlo de infeções possam identificar áreas em que a humidade possa ter impacto nas bactérias e vírus.

5. Garantir a filtragem adequada do ar e sua limpeza

A dimensão das partículas destes vírus é mínima, pelo que a filtragem do ar deve ser adequada, para garantir que não são transportadas de uma área para outra. O ar de um AIIR não deve ser recirculado, mas sim enviado de imediato para o exterior – ainda assim, a sua filtragem continua a ser necessária. Os filtros com alta eficiência em partículas de ar (HEPA) são precisos para remover as partículas mais pequenas. O staff deve garantir que os filtros são mudados sempre que necessário, de acordo com o estado de sujidade indicado pelos sensores, e devem tomar os devidos cuidados nesta tarefa, para mitigar o seu próprio risco de exposição.

6. Garantir o fornecimento de energia

Garantir que estes sistemas funcionam continuamente é crucial para a segurança dos pacientes e equipas médicas. Possuir redundância nos sistemas de fornecimento de energia – como por exemplo conexão à fonte de energia essencial ou fontes ininterruptas de energia – é fundamental para qualquer instalação hospitalar.

As medidas implementadas devem resultar de uma coordenação cuidadosa entre o pessoal clínico e a equipa de controlo de infeções, para garantir que todos os membros do hospital estão a trabalhar de forma segura e informados de tudo o que devem, ou não, fazer. Em situações como esta, a formação e educação são mais importantes do que nunca, para garantir que a propagação é mínima e, sobretudo, todos ficamos em maior segurança.

 

por Adolfo Barroso, Digital Buildings and Segments Director, Schneider Electric

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