Jorge Bento em 2021-11-08

OPINIÃO

Editorial

O insustentável peso de Estado

Se o livro de Milan Kundera “A Insustentável Leveza do Ser” nos fala do livre-arbítrio, da inexistência de uma inevitabilidade e da nossa capacidade de autodeterminação, as notícias recentes sobre a política portuguesa remetem-nos para o que parece ser um ciclo infindável e repetitivo do Estado a impor a sua presença e o seu peso num “fado muito português”, um destino a que nos resignamos

O insustentável peso de Estado

Nada de muito novo infelizmente. O Peso do Estado e do poder central é histórico, centenário e faz parte da nossa cultura. O cidadão parece gostar do conforto de alguém decidir por ele. O grande “Pai” acompanhou- nos pela mão da Igreja católica e, desde finais do século XIX – com breves interrupções que foram períodos caóticos – está connosco pelo Estado omnipresente desde 1933. A partir daí, quase um século volvido, continuamos crentes na bondade do Grande Estado e da sua ação sábia e protetora, sem a qual existiria o caos.

Na verdade, o insustentável Peso de Estado no nosso país é responsável pela nossa falta de competitividade, que se demonstra facilmente pelo facto de, países do leste europeu, muito menos desenvolvidos do que Portugal que em 2005 integraram a União Europeia, nos terem já ultrapassado. E outros o farão em breve.

São países que viram o colapso do “Grande Estado” pró-soviético, ficaram desestruturados e foram reconstruídos como lhes foi possível – de forma muito mais ágil, muito menos direcionada/condicionada pelo poder político central logo, muito mais liberais, deixando grande parte das decisões importantes diretamente nas mãos dos indivíduos, das famílias, das empresas e das comunidades locais.

Dia 30 de janeiro, os portugueses vão de novo e resignadamente a uma cabine de voto para que, muito provavelmente, nada de substancial mude. Porque a “oferta disponível” em quase toda a linha, (com pequenas exceções) gosta e precisa do “Grande Estado” onde vive a sua entourage, e cuja imprescindibilidade advogam diariamente as suas clientelas eleitorais, crentes num pensamento único e politicamente correto.

Num país onde a carga fiscal é de 34,8% do PIB e só o orçamento do estado central ultrapassa cem mil milhões de euros, viver duodecimalmente até ao verão são definitivamente más notícias para todos, incluindo para as empresas.

É uma das muitas consequências nefastas do Insustentável Peso de Estado.

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