Jorge Bento em 2023-4-06

OPINIÃO

Editorial

Nuvens cinzentas e algumas boas abertas

O consumo de IT no mercado doméstico continua a ter perspetivas cinzentas para todo o ano de 2023, à medida que as taxas de juros vão continuar a subir até ao verão, mesmo com sinais evidentes de abrandamento da inflação

Nuvens cinzentas e algumas boas abertas

De acordo com a IDC, num relatório de abril, espera-se agora, a nível mundial, uma queda de 2% neste segmento, em parte por fatores macroeconómicos que atingem as famílias, mas em parte pela saturação do mercado que esteve hiper aquecido em 2021 (+18%) e deixou pouco espaço para a renovação. Se os sinais de abrandamento já vinham do verão passado, o Q4 de 2022 ainda foi pior do que os analistas esperavam. No Q1 de 2023 a comparação com o dado homólogo é agora de -29%.

O Canal tem vindo a reduzir inventário de PCs, mas ele continua acima do normal pré-pandêmico. A Gartner estima agora um regresso rebusto às compras em 2024 com +11% e a IDC espera que ainda Q3 e Q4 de 2023 comece a trazer os primeiros sinais dessa recuperação.

Do lado empresarial, as previsões são melhores, tanto da parte da Gartner como da IDC mas as notícias para a parte transacional do Canal não são brilhantes; para um crescimento global dos gastos de IT em 2023 de 4,4% (1,4% acima do outlook do FMI para o crescimento mundial), só 2,5% será feito por via indireta contra um crescimento de 6,4% por via direta. Em parte, isso é explicável pelo facto de as próprias empresas terem agora mais dificuldades com o investimento CapEx por via do financiamento.

Há, porém, um consenso entre analistas de que os serviços, o software e mesmo a infraestrutura vão continuar resilientes no mercado empresarial, a Gartner prevê agora para estes trez segmentos um crescimento conjunto de 8,9% este ano.
E há, claro, a cloud, o único segmento que parece impune ao arrefecimento da economia, com um crescimento estimado de 10% ao ano.

Face ao atual ambiente económico e às condições de financiamento, todos os modelos de consumo de IT baseados em OpEx são agora muito mais atraentes, mesmo que o racional de alguns investimentos recomendasse o CapEx, não fora os custos do financiamento.

Os modelos de consumo mais flexíveis propostos pelos fabricantes, alguns mesmo em pay-per-use, que em alguns casos no passado não tiveram grande tração, são agora uma solução muito mais atrativa para os clientes finais, desde que exista a capacidade da indústria para levar este modelo a uma maior capilaridade do middle market.

Porque a aceleração digital nas empresas não pode parar, cabe aos Parceiros, em conjunto com os distribuidores e os fabricantes, encontrarem os modelos de entrega e serviço para estes tempos mais desafiantes e, assim, obterem uma fatia mais significativa do crescimento global do IT esperado para 2023.

 


Jorge Bento

Diretor do IT Channel

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