Henrique Carreiro em 2020-4-23

OPINIÃO

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A vida após o regresso

O vírus expôs-nos a uma nova realidade e podemos ser levados a pensar que, daqui para a frente, nada voltará a ser igual

A vida após o regresso

Daqui a uns anos, olharemos para esta crise de 2020, lamentaremos a perda de vidas humanas e as respetivas e devastadoras consequências económicas e sociais, e recordá-la-emos também, como o verdadeiro acelerador para uma nova fase da transformação digital para muitas empresas que estavam ainda no limiar da mudança.

Parece ser evidente que uma estratégia para trabalho remoto teria que fazer parte da evolução digital das empresas e que as mais preparadas para fazê-lo estiveram entre as menos afetadas nas suas operações. O “feedback” do mercado foi que aquilo que em circunstâncias normais teria um ciclo de decisão de anos, teve de ser resolvido em poucos dias. Compras de portáteis aceleraram até estes se terem esgotado; a utilização de SaaS teve um pico como nunca os seus responsáveis imaginaram, nem sequer nos planos de negócios mais ambiciosos. 

A lei de Conway afirma que as empresas tendem a desenhar os seus sistemas refletindo os canais de comunicação internos. Ora todos os canais de comunicação das empresas estão a ser revistos. Os antigos deixaram, em grande parte, de fazer sentido. Outros ciclos de apreciação e aprovação se formaram.

É certo que o desenho dos sistemas que estiverem agora a ser preparados, irá refletir esta nova realidade. As condições atuais vão obrigar a reavaliar as estruturas de custos das empresas. Mas muitas irão concluir que os investimentos em instalações sobredimensionadas para acolher colaboradores que podem estar em teletrabalho pelo menos parte da semana, são difíceis de justificar. Como poderão também não se justificar na expansão de datacenters próprios, face à oferta de fornecedores de cloud que se mostraram capazes de suportar aumentos de carga que em determinados casos atingiram setecentos por cento.

A próxima fase irá testar os limites da desmaterialização das empresas. Muitas concluirão, enfim, que a nova parcimónia será uma componente fulcral da transformação para uma nova forma de atuar, em que o trabalho distribuído, em rede, será o pilar mestre para a construção dos novos modelos de sustentabilidade dos negócios. 

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