Pedro Gordo, Supply Chain Business Manager na Generix Group em 2020-12-28

OPINIÃO

A automação é a única resposta para a gestão da cloud

Mais vendas online, maior necessidade de tracking em tempo real de toda a cadeia de valor

A automação é a única resposta para a gestão da cloud

Pedro Gordo, Supply Chain Business Manager na Generix Group

Na era pós-Covid, a visibilidade logística cria valor para as empresas, aproxima os consumidores e é um verdadeiro fator de diferenciação num mercado global extremamente incerto.

À medida que 2020 se aproxima do seu fim, é tempo de refletir e preparar estratégias para velejar numa economia que, em poucos meses, abanou e se reinventou. Além de adaptar procedimentos à pandemia, com todas as exigências de segurança e distanciamento, as empresas têm agora de se adaptar e criar valor num contexto que se alterou vertiginosamente, a nível global: da digitalização de processos a novos hábitos de compra; de novas exigências dos consumidores à inevitabilidade do real-time.

Da loja física para as compras online, o e-Commerce ganhou um ímpeto sem precedentes na resposta à pandemia de Covid-19. Numa primeira fase, como alternativa ao confinamento e ao fecho das lojas físicas do comércio não essencial. Depois disso, como um novo hábito de compra, complementar à compra em loja, com maior comodidade e segurança nesta era em que aprendemos a conviver com a pandemia. Os números que vão sendo adiantados traduzem a velocidade desta adaptação digital: a DPD refere um crescimento de vendas online de mais de 50% em relação ao período homólogo, enquanto a ACEPI – Associação da Economia Digital prevê mais 14,6 mil milhões de euros no valor do eCommerce em 2020, na comparação com 2019.

Perante a multiplicação dos pedidos online, cabe às empresas dar uma resposta eficaz ao longo de toda a cadeia de valor, gerindo a pressão acrescida nos stocks, logística e canais de distribuição. O last mile – última etapa da entrega, entre o centro de distribuição e o destino final – ganhou uma importância crucial nesta economia reinventada. E se, no início da pandemia, o mercado teve margem para acertar o passo e corrigir desníveis entre procura e oferta, hoje impõe-se rapidez total, com resposta fiável e antecipação a todo o instante. Os consumidores assim o exigem.

Os consumidores e as suas expetativas são, precisamente, a força motriz de uma transformação acelerada, transversal a todos os setores de atividade. À medida que migra da experiência de compra física para um modelo blended entre online e offline, a experiência do consumidor pós-Covid exige elevados níveis de serviço: e todos os pontos de contacto contam, ao longo de toda a cadeia de valor.

Que exigências são estas? Numa época marcada pela incerteza, é necessário contrapor com fiabilidade, rapidez e rastreabilidade dos processos de compra, de forma a dar mais segurança aos consumidores, criar valor e alcançar uma diferenciação no mercado. Para tal, as cadeias de valor têm de ganhar maior resiliência e, sobretudo, maior visibilidade (ou tracking) end-to-end. Só assim é possível aos consumidores acompanhar, em tempo real, o estado da encomenda do quilómetro 0 até ao destino. Mas também só assim as empresas podem ganhar controlo total e garantir completa fluidez no transporte de mercadorias – aspetos essenciais para prosperar na nova era em que estamos a viver.

Tracking ao mercado nacional: potencial para fechar o ciclo

A necessidade de garantir uma visibilidade end-to-end da cadeia de valor não vem de agora, como se sabe, sendo vista como o principal fator para uma cadeia de valor bem-sucedida. Mas o contexto atual vem tornar mais premente a necessidade de evoluir operações e acelerar a transformação digital do mercado logístico.

Enquanto especialistas em soluções para a Supply Chain, sabemos que esta necessidade de visibilidade total é prioritária para as empresas. Um recente estudo da Generix Group mostra, precisamente, o potencial da visibilidade no mercado nacional. Em Portugal, 64% das empresas estimam chegar a uma visibilidade entre 75% e 100% da cadeia de valor nos próximos três anos. Atualmente, apenas 18% das empresas conseguem ter estes níveis de tracking implementados.

O caminho será mais desafiante para muitas empresas onde a visibilidade ainda está longe de ser uma realidade nas operações diárias: mais de metade das empresas B2C portuguesas (64%) não oferecem um serviço de acompanhamento de entregas e devoluções de encomendas. Mas esta é uma aposta essencial para oferecer satisfação completa do cliente, competitividade, diferenciação e otimização dos processos.

Encaremos então este contexto desafiante precipitado pela Covid-19 como alavanca para fazer mais e melhor; para alargar a visibilidade e rastreabilidade a toda a cadeia de valor; e para dar a resposta veloz que o mercado precisa (nesta viragem abrupta para a adoção a larga escala do eCommerce). Este é o momento certo para concretizar e completar o ciclo, numa conjuntura crítica de mutação veloz, à escala global. Mais do que um must-have apenas do setor logístico, esta é uma evolução adaptativa necessária em qualquer cadeia de valor B2B e B2C. É a diferença entre antecipar operações com a velocidade que o mercado exige ou simplesmente reagir reativamente, sem rigor, nem automatismos.

É um tudo ou nada, crucial no momento que atravessamos e para os tempos que se seguirão. Perante grandes mudanças, é ter a certeza do caminho.

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