A Gartner nomeou-a uma das tendências a ter em conta este ano mas só o investimento de grandes players, como a HP e a Canon, contribuirá para que a impressão 3D levante realmente voo e signifique reais oportunidades de negócio para o Canal
A Context, empresa que se dedica à análise das vendas pelo Canal europeu de TI, estima que o mercado mundial de impressão 3D (impressoras, materiais e serviços), atinja, em 2020, os 17,8 mil milhões de dólares. O hardware, isoladamente, tanto impressoras 3D desktop como impressoras profissionais e industriais, deverá crescer de 1.8 mil milhões de dólares este ano para 6.4 mil milhões em 2020, a um ritmo de crescimento anual de 38%.
Para o Canal das TI, estes números podem parecer distantes, uma vez que ainda estamos perante um mercado povoado por pequenos fabricantes, que comercializam diretamente os seus equipamentos para diferentes nichos. A Context explica, no entanto, que estas estimativas estão diretamente relacionadas com a entrada dos grandes gigantes tecnológicos. “Espera-se que o mercado cresça nos próximos anos, à medida que empresas como a HP, a Ricoh e a Canon comecem a comercializar impressoras em grande escala nos segmentos de impressão 3D Industrial/Profissional”, afirma Chris Connery, vice-presidente de global analysis na Context. "No fundo, o sucesso da indústria será um reflexo das mais recentes novidades da HP, sobretudo da sua intenção de ajudar o mercado a mover-se do foco em prototipagem vertical para a produção de médio volume, através de novos processos industriais, mais rápidos e mais baratos".
O analista vai mais longe e diz mesmo que “se a HP, a Ricoh, a Canon e outros conseguirem ajudar a trazer a visibilidade do poder da impressão 3D para a sua própria cadeia de valor, então esta parece ser a chave para o crescimento e a evolução deste mercado”.
De protótipos a produtos finais, em pouco tempo
O apelo da impressão 3D está na possibilidade de dar vida, de forma quase instantânea e sem intermediários, ao nosso imaginário. Se, para qualquer um de nós, soa a algo extremamente apelativo, para uma empresa mais ainda. A impressão 3D promete ser uma das maiores disrupções tecnológicas de sempre, uma vez que permitirá que as organizações compitam a uma escala global. O tempo de prototipagem é acelerado, já que deixa de ser necessário construir protótipos manuais. É assim possível transformar os protótipos em produtos finais de forma mais rápida e com custos muito inferiores. A impressão 3D permite, aliás, produzir os componentes das próprias máquinas, e não apenas produtos acabados. Exemplo disso mesmo é o facto da HP ter revelado, aquando do anúncio das novas impressoras Jet Fusion 3D, que chegarão ao mercado no final deste ano e durante o próximo, que pretende que 50% das peças que compõem estas impressoras sejam produzidas pelo seu próprio processo.
A impressão 3D também permitirá que uma empresa disponibilize produtos com maiores possibilidades de customização e sem necessidade de muito stock, já que consegue imprimir consoante as encomendas. Outra vantagem, não tão óbvia mas igualmente importante, diz respeito ao facto de ser possível desenhar um determinado artigo sem constrangimentos de produção, ou seja, sem que seja necessário ter em conta que o produto tem de ser manuseado por uma máquina durante o processo de fabrico, uma vez que as impressoras 3D imprimem camada por camada.
Onde entram os Parceiros?
Para as empresas do Canal de TI, a impressão 3D pode ser uma oportunidade tremenda, não só do ponto de vista da venda das impressoras, em si, mas também pela necessidade que as empresas terão no que diz respeito à aquisição de workstations mais potentes e de software 3D CAD/CAM. Além do mais, a procura por este tipo de impressoras virá de empresas de todos os tamanhos: quase todos os engenheiros que disponham de uma aplicação 3D vão desejar ter uma e é também por este apelo transversal que as marcas necessitarão do Canal para chegar a todos os potenciais clientes. Os Parceiros serão também determinantes do ponto de vista da manutenção dos equipamentos e da prestação de serviços, sem esquecer a revenda dos ‘consumíveis’. Terão também um papel mais consultivo, de advisor, o que exigirá a aquisição de competências e um maior nível de especialização, sobretudo no que diz respeito a um conhecimento mais profundo de cada negócio.
A oferta disponível em breve
A HP revelou a tão antecipada Jet Fusion, um sistema de impressão 3D que para muitos dos analistas pode ser revolucionária. Segundo Joe Kempton, analista na consultora de tecnologia Canalys, as impressoras da HP “podem produzir componentes de muito alta resolução a uma rapidez e custo extremamente competitivos”, já que “a sua tecnologia representa de facto um grande passo em frente e uma mudança significativa na indústria. A vantagem da concorrência é, de momento, uma maior gama de materiais e a capacidade de imprimir a cores. Mas a longo termo a HP será capaz de eliminar esta diferença".
Aliás, Stephen Nigro, head of image and printing da HP, revelou que a intenção da empresa é "expandir a impressão 3D da mera prototipagem para a produção", tendo acrescentado também que futuros modelos virão a ter a capacidade de manipular cerâmica e de produzir artigos multicoloridos. Além de imprimir pela primeira vez peças funcionais ao nível do voxel (o equivalente, em 3D, a um pixel 2D na impressão tradicional), a tecnologia da HP distingue-se por não utilizar lasers para aplicar o material de impressão. Utiliza, ao invés, “tinteiros” térmicos para introduzir um agente químico a cada fina camada de pó aplicada, unindo o material.
