Rui Damião em 2023-4-14

A FUNDO

Mesa-Redonda

O presente e o futuro das workplace solutions

As soluções para o local de trabalho são desenhadas para suportar e aumentar a produtividade, a colaboração e a comunicação no local de trabalho. Os Parceiros de Canal têm, aqui, a oportunidade de ajudar os clientes finais a entender as suas necessidades e, assim, aumentar os seus resultados. Alcatel-Lucent Enterprise, Asus, Comstor, Distr-IT, Equip e Ingram Micro partilham a sua visão sobre o mercado de workplace solutions

O presente e o futuro das workplace solutions

Como é que foi a adoção de soluções de workplace durante o último ano e de que maneira é que isso vai impactar o mercado em 2023 e nos próximos anos?

Henrique Amaro, Alcatel-Lucent Enterprise

 

Henrique Amaro, Business Line Manager, Alcatel-Lucent Enterprise: “Houve um crescimento das soluções de colaboração, resultado dos últimos tempos de trabalho híbrido. Nos nossos clientes, houve uma aceitação do trabalho híbrido; a parte remota decresceu bastante e houve, também, a volta ao escritório. Com isso, conseguimos construir algumas soluções que dessem resposta nesta área e foi isso que acabámos por ver. Em algumas situações, estamos a ver as empresas a pedir aos colaboradores para voltarem ao escritório e perdeu-se, assim, alguma colaboração”

Vítor Barreira, Sales Manager, Comstor (em representação da Cisco): “Em 2022, assistiu-se ao retorno ao escritório; não na totalidade, mas no modelo híbrido. Assistiu-se a uma tentativa de adaptação do local de trabalho anteriormente utilizado, mas, na maior parte das empresas, já reduzido pelo facto de as pessoas estarem em remoto e não se antever que voltassem a 100% ao escritório e, timidamente, tem-se vindo a olhar novamente para o local de trabalho com uma perspetiva diferente do que antes da pandemia, adaptando o local a este trabalho híbrido”

Luís Martins, Value Business Manager, Ingram Micro: “Neste último ano, começámos a assistir a uma consolidação da procura de soluções de workplace. Os dois anos anteriores – embora tenham sido únicos em termos de faturação – foram um pouco confusos; houve muita procura, olhou-se pouco para a qualidade do investimento. Finalmente, em 2022, quando o pó começou a assentar, as organizações já começaram a ter mais cuidado no investimento, a planear melhor, a conceber o seu plano de trabalho híbrido e, finalmente, começaram a executar. Desde então, tem-se notado este investimento mais estruturado”

O mercado de workplace solutions já está consolidado? As organizações olham para estas soluções como uma necessidade para o futuro da sua organização?

 

João Gorgulho, Equip

João Gorgulho, Country Manager, Equip: “O mercado está a ficar próximo do consolidado em algumas áreas, sendo que os constantes desafios criam necessidades nas organizações e levam a uma volatilidade nos ajustes contínuos das tecnologias. O mercado de workplace solutions cresceu significativamente nos últimos anos e uma esmagadora maioria das empresas foram obrigadas a abraçar soluções de trabalho remoto devido à pandemia, o que acelerou as tecnologias de trabalho em casa e tecnologias para simplificar os processos até no escritório, mas com muito espaço para crescer tendo em conta o quão grande pode ser este tema”

Nelson Martins, Channel Manager, Asus: “Na nossa perspetiva, não nos parece que o mercado esteja completamente consolidado. Continuamos a sentir muita procura; nota-se uma procura por soluções de workplace com equipamentos mais poderosos, robustos e direcionados para a mobilidade, muito por força da transformação que ocorreu no último ano, não só dos modelos de trabalho, mas também das próprias organizações. Com tudo isto, as empresas procuram soluções mais flexíveis, mais direcionadas para a mobilidade, fazendo aumentar a procura por soluções que permitam estar sempre ligadas e em constante movimento”

Jaime Melancia, Marketing Manager, Distr-IT: “Não creio que já esteja consolidado; está em desenvolvimento porque, se durante a pandemia, as soluções foram muito mais rápidas e mais no sentido de as pessoas estarem em casa a trabalhar, agora há uma procura por otimizar as soluções que estão nas empresas e vemos muito a substituição de equipamentos antigos por equipamentos novos. É preciso apercebermo-nos como os níveis de produtividade nas empresas se mantêm porque o trabalho híbrido é uma novidade e há que otimizar as soluções para que não haja decréscimo de produtividade. Ainda há algo a desenvolver neste mercado”

A rápida adoção de soluções de colaboração levanta problemas de cibersegurança. As organizações nacionais apostam em cibersegurança quando estão a investir em colaboração? Quais são os grandes desafios dos clientes?

Vítor Barreira, Comstor 

 

Vítor Barreira, Comstor (em representação da Cisco): “A cibersegurança é transversal; essa é uma situação que está consolidada do ponto de vista de mindset dos clientes. Não se aplica especificamente à colaboração ou à gestão de dispositivos móveis. A colaboração acaba por ser transversal. O que se tem assistido é a um desenvolvimento dos fabricantes nestas várias aplicações de colaboração, tentando concentrar nestas aplicações cada vez mais interligação com outras aplicações e colaborar no mesmo ambiente. Assim, a questão da segurança é, acima de tudo, transversal a toda a organização”

Luís Martins, Ingram Micro: “Tem havido alguma aposta na cibersegurança para a área da colaboração. Cada vez mais são utilizados dispositivos diferentes dentro e fora das organizações e tem existido cada vez mais uma preocupação com a gestão desses mesmos dispositivos. Se até há bem pouco tempo essa preocupação era só para dentro do escritório, teve de se estender para fora do escritório e para dentro das nossas casas também. O que se tem notado é que esta preocupação continua a existir para aqueles trabalhadores que continuam a trabalhar de forma remota e que ainda são muitos”

Henrique Amaro, Alcatel-Lucent Enterprise: “Existe uma preocupação com o hardware que suporta toda essa colaboração. Isso vem dos requisitos que os próprios clientes pedem a nível de certificações e de avanços tecnológicos na parte de proteção de segurança. Isso é algo que, mesmo a nível comercial, tem de ser por aí que se faz a diferença. Os AP remotos que se instalam em casa para fazer a parte física de acesso remoto à empresa, as soluções de SD-WAN para integrar segurança não só quando instalados no PC, mas também nas ligações seguras que fazemos. Também o modelo de cloud, private cloud e on-premises criou desafios de integrar e, também, adicionar outras ferramentas de produtividade”

As novas gerações de colaboradores estão a pressionar as empresas para uma maior flexibilidade laboral e para uma mobilidade do espaço de trabalho. Como é que as organizações se devem preparar tecnologicamente para este desafio?

Luís Martins, Ingram Micro: “As organizações têm de se ajustar às tendências de mercado. Os colaboradores, principalmente esta nova geração, são cada vez mais criteriosos na escolha de trabalho. De acordo com um relatório de tendências de talento para este ano, esta geração mais nova – muitas vezes rotulada como geração Z – começa a ter um peso muito significativo nos novos recrutamentos das empresas e tem vindo a forçar as organizações a novas abordagens para atrair novos profissionais. Este mesmo relatório revela que algumas das mudanças que ocorreram durante a pandemia são irreversíveis”

Vítor Barreira, Comstor (em representação da Cisco): “As pessoas adaptaram-se muito bem a trabalhar em casa, mas, de qualquer modo, as empresas tendem a chegar a um compromisso e penso que esse compromisso será o futuro, ou seja, ter um sistema de trabalho híbrido em que alguns dias se possa trabalhar a partir de casa e noutros não se perca a conexão com a cultura da empresa e, sobretudo, com a socialização que se perde imenso quando estamos só em trabalho remoto. O grande desafio será adaptar o local de trabalho a um local de trabalho colaborativo”

Henrique Amaro, Alcaltel-Lucent Enterprise: “O fator humano, de socializar nas empresas, é muito importante; aprendemos muitas vezes com a partilha de conhecimento entre os mais velhos e os mais novos e entre pares. Na parte mais humana, não tão tecnológica, as novas gerações pedem e quase exigem o trabalho a partir de casa ou não aceitam o emprego; os seus objetivos são um bocadinho diferentes. As próprias empresas estão a adaptar-se a essa realidade, mas também se adaptam contratando de outra geração que gostam e que têm essa necessidade de colaborar”

Nelson Martins, Asus: “É um desafio; primeiro estranha-se e depois entranha-se. Nesse sentido, as organizações têm de se equipar com soluções de mobilidade, não dispensando a segurança, e com o suporte necessário para suportar os seus funcionários em modelos de trabalho híbrido, como acontece atualmente. Grande parte das empresas já aposta neste tipo de modelos, o que levanta desafios enormes por parte das equipas de IT e é por isso que as organizações devem optar por soluções que permitam aos colaboradores estarem sempre ligados em todo o lado e em qualquer lugar”

Quais são os desafios que as organizações vão encontrar à medida que os colaboradores voltam fisicamente ao escritório?

Jaime Melancia, Distr-IT: “Temos uma diversidade de ambientes empresariais – das grandes às pequenas e médias empresas – e as situações serão ligeiramente diferentes. Existiram grandes empresas que reduziram os seus locais de trabalho tendo em conta a ascensão do trabalho híbrido. Havia muita gente fora do escritório e as empresas estão a querer que voltem para o escritório, precisamente por toda a parte de social que envolve o trabalho e que é essencial para que os níveis de produtividade até melhorem – é essa a intenção. A ideia das soluções de videoconferência não foi substituir o presencial; permite que exista uma maior dinâmica e fluxo de trabalho”

 

Nelson Martins, Asus

Nelson Martins, Asus: “Muitos voltaram às organizações e as organizações aplicaram estes modelos híbridos e é importante dar as ferramentas certas aos funcionários para os manter motivados e com elevados índices de produtividade. Isto só é possível se as empresas apostarem nos equipamentos certos e, também, se tiver o suporte que possa agir rapidamente e atuar se existir algum constrangimento quando o colaborador estiver em casa a trabalhar. Tendo as empresas seguido este caminho e equipando as suas equipas com este tipo de soluções, acho que acaba por ser por aí o caminho”

João Gorgulho, Equip: “Os novos modelos de trabalho já começaram a ganhar espaço nas operações empresariais. As organizações têm necessidade de melhorar os seus espaços para melhor receberem as equipas. O trabalho híbrido já passou a ser uma tendência, mas também os próprios colaboradores têm vindo a mostrar uma crescente preocupação em torno deste tema, apesar de vários estudos demonstrarem que vários colaboradores preferem regimes de trabalho remoto, estes colaboradores admitem e sentem que precisam de melhores condições para trabalhar de forma produtiva e eficiente”

Que tipo de dispositivos é que as pessoas mais procuram neste momento?

Nelson Martins, Asus: “Até ao momento, temos seguido mais pedidos para dispositivos direcionados para a mobilidade. Os portáteis finos e leves, fáceis de transportar e com uma maior autonomia são o tipo de produtos mais procurados. No entanto, sentimos também uma procura por equipamentos mais resistentes, mais robustos, porque andamos de um lado para o outro. Nesse sentido, os equipamentos vão de encontro a essa realidade e é preciso garantir que os equipamentos vão funcionar bem em diferentes condições. Sente-se que o portátil tem de ser mesmo portátil, útil e fácil de utilizar”

Luís Martins, Ingram Micro

 

Luís Martins, Ingram Micro: “Apesar de termos notado um abrandamento na procura de headsets profissionais, tem-se notado com este regresso ao escritório uma procura muitíssimo maior de dispositivos de vídeos para salas pequenas e de média dimensão. É óbvio que é impossível para as empresas criarem nichos individuais para cada um dos colaboradores que regressam ao escritório como se estivessem a trabalhar a partir de casa, mas este regresso ao escritório tem criado mais alegria e satisfação aos colaboradores. Mesmo estando no escritório, os colaboradores precisam de alguns momentos de concentração”

João Gorgulho, Equip: “Desde 2021, 2022 que os dispositivos que sentimos mais procura com o aumento do trabalho remoto e híbrido passaram a ser dispositivos associados à videoconferência com o aumento das reuniões virtuais que obrigam a câmaras, microfones, headsets, as próprias docking stations para aumentar o número de portas para o computador e para permitir uma maior autonomia em qualquer lugar. Depois os ratos, teclados e apoios de mão ergonómicos são acessórios que desempenham um papel essencial na produtividade e bem-estar físico”

Jaime Melancia, Distr-IT: “Procuram todo o tipo de dispositivos consoante os locais e ambientes onde estão e as plataformas para os quais se destinam esses dispositivos. Há uma procura para que estas soluções estejam já otimizadas para que nas plataformas exista uma interface que não seja diferente e que exista uma utilização do dispositivo tal e qual como se usa nos PC, mas nem sempre os locais de trabalho são facilmente adaptáveis – como aumentar o número de salas. A tecnologia de áudio tem vindo a adaptar-se a situações que criam salas virtuais e retiram esse ruído de fundo”

Como é que será o local de trabalho numa realidade híbrida? De que maneira é que se pode garantir a produtividade dos colaboradores?

João Gorgulho, Equip: “O local de trabalho já é, atualmente, uma realidade híbrida. Muitos negócios tiveram de ser adaptados para um formato de trabalho híbrido ou remoto e a verdade é que a maioria das organizações se mostraram – e estão se a mostrar – abertas a estas mudanças para manter a eficiência entre as equipas. No final do dia, o que é necessário é manter a produtividade. Passar 40 horas semanais à frente de um computador sem os recursos ideais e de ergonomia geram sempre impactos na saúde e na produtividade”

Henrique Amaro, Alcatel-Lucent Enterprise: “Muitas das empresas que trabalhavam ao nível do telefone e adotaram videoconferência, os seus clientes começaram também a adotar videoconferência e, com isso, há um desafio que é o próprio portátil utilizado em casa e no escritório. A parte sonora é um desafio no escritório; ou existe pequenas salas para fazer aquela videoconferência em cinco, dez minutos, ou o ambiente de trabalho acaba por ser complicado porque cada um quer o seu isolamento e a sua concentração”

 

Jaime Melancia, Distr-IT

Jaime Melancia, Distr-IT: “Se pensarmos no novo local de trabalho, este estará otimizado e terá todas as ergonomias. Do lado do dispositivos, têm de ter as características que permitam serem usados em qualquer lugar, com facilidade de uso e sem falhas. Se não tivermos condições de comunicação que já estão testadas e preparadas, será um grande fiasco se a Internet falhar, por exemplo. Hoje, temos alguma confiança de que a Internet não vai baixo; assumimos isso quase como garantido, mas ainda não está porque ainda acontece alguém, no meio de uma reunião, cair a chamada”

Vítor Barreira, Comstor (em representação da Cisco): “O local de trabalho será – e já é – mais reduzido do que era. O espaço vai ser mais reduzido e os postos de trabalho ‘com dono’ vão terminar para a maioria das funções e vão existir os locais de trabalho plug-in onde as pessoas chegam, ligam-se e já está. Os próprios fabricantes criam já alguma interoperabilidade onde os dispositivos interligam-se com várias ferramentas, o que aumenta a possibilidade de escolha para quem gere o escritório. O escritório tem de ser algo apetecível, não aborrecido e fácil de utilizar”

Quais são as oportunidades para os Parceiros na área de Workplace Solutions?

Henrique Amaro, Alcatel-Lucent Enterprise: “As oportunidades são imensas. Os Parceiros tradicionais que trabalhavam na parte de infraestrutura e só entravam na instalação, neste momento pode criar uma presença e uma ligação à empresa em contínuo entre os vários departamentos e serem os Parceiros dos próprios clientes. Se antes poucos o eram – forneciam soluções – agora não; são advisors. Esse é o grande ganho”

Nelson Martins, Asus: “Com esta digitalização e transformação que temos vindo a falar, é realmente necessário que as empresas se adaptem a esta nova realidade e, com isto, sentimos que vão aparecer oportunidades de negócio todos os dias. A verdade é que tivemos uma agradável surpresa; sentíamos já que o mercado precisava de alternativas inovadoras e diferentes e as nossas soluções acabaram por encaixar positivamente”

Jaime Melancia, Distr-IT: “O mercado está aí e os Parceiros terão, certamente, muitas oportunidades. Temos uma experiência bastante grande na área da videoconferência. Há Parceiros que estão muito habituados a trabalhar com os seus clientes na área do audiovisual e aparecem estas oportunidades do lado do cliente onde é necessário equipar essas empresas com soluções de videoconferência”

João Gorgulho, Equip: “Dentro das várias oportunidades – áudio, vídeo e colaboração – que acabam por se complementar, a Equip, em conjunto com a LevelOne e Conceptronic, oferece ferramentas que simplificam o espaço de trabalho para se ajustar ao colaborador, criando um layout de um espaço organizado e apropriado às necessidades dos colaboradores. Em suma, a oportunidade passa por uma especialização que disponibilizamos em consultoria e implementação de soluções ergonómicas, em conjunto com uma vasta oferta de periféricos”

Luís Martins, Ingram Micro: “É um abrir de oportunidades que, até há data, não existia. A extensão do escritório para as nossas casas, estarmos devidamente equipados para termos as mesmas condições de produtividade que tínhamos no escritório, mas agora ao contrário também existe: com o regresso à normalidade, não queremos perder esta experiência de produtividade e motivação que tínhamos em casa. Nota-se que as organizações estão preocupadas com esta necessidade e investem cada vez mais”

Vítor Barreira, Comstor (em representação da Cisco): “As oportunidades são muitas. Vejo como grande possibilidade a inclusão de outros stakeholders dentro das companhias, especialmente das médias e maiores, principalmente os que estão preocupados com a sustentabilidade e, até, com os recursos humanos. Normalmente dirigimo-nos ao IT, mas muitas vezes o IT não está preocupado com este tema. A estratégia da empresa, normalmente, está alinhada noutro sentido, como a retenção” 

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