Marta Quaresma Ferreira em 2024-3-12

A FUNDO

Mesa-Redonda

Data center e edge: a visão de um mercado em expansão

O data center e o edge assumem um papel fulcral nas organizações ao serem responsáveis por fornecer a infraestrutura e os recursos necessários para armazenar, processar e gerir grandes quantidades de dados, assim como suportar aplicações e serviços que transformam digitalmente as empresas. Commvault, Equinix, Fujifilm, IP Telecom, Pamafe IT, Schneider Electric, Vertiv e Zaltor apresentam as tendências crescentes e as oportunidades deste mercado para os Parceiros

Data center e edge: a visão de um mercado em expansão

Como caracteriza o atual estado do mercado de data center em Portugal?

 

Mário Pimentel, Key Account Manager, Schneider Electric

Mário Pimentel, Key Account Manager, Schneider Electric: “Têm sido tempos muito positivos na indústria, mas o que temos visto, não só no mercado português, mas no ibérico, Europa e até mundial, é que se avizinham também tempos únicos e excecionais para o mercado e acho que Portugal vai ser um mercado para o qual os investidores estrangeiros vão e estão a olhar muito atentamente”

Carlos Paulino, Managing Director, Equinix: “Há provas muito concretas de toda a dinâmica que estamos a sentir também dentro do mercado, com a recente criação da Associação Portuguesa de Centros de Dados – a PortugalDC – e o crescimento exponencial que está a ter de novos membros demonstra, claramente, que toda a indústria, todos os stakeholders, estão a orientar-se para o que aí vem”

Quais são as inovações mais recentes em hardware e software que estão a transformar os data centers?

Edgar Silva, Sales Director, Pamafe IT

 

Edgar Silva, Sales Director, Pamafe IT: “Temos vindo a verificar uma evolução bastante significativa naquilo que são os componentes mais eco-friendly, com maior capacidade de entrega, quer seja na área da computação, quer seja na área do armazenamento. A parte mais diferenciadora está associada à componente de software, ou seja, cada vez mais os data centers e edge têm de comunicar de forma eficiente e, para isso, necessitamos não só de comunicações robustas, mas também da capacidade de podermos aplicar técnicas e tecnologias baseadas em software”

Isabel Pinto, Distribution Channel Manager, Vertiv: “Tentamos pensar sempre em sustentabilidade, eficiência energética, redução de custos financeiros e de investimento para os nossos clientes e que todas as soluções sejam facilmente escalonáveis. Não podemos deixar de mencionar a liquid cooling, que vai ser cada vez mais a solução para os grandes data centers, porque é a solução neste momento mais sustentável e também mais económica para cargas de IT de alta densidade”

Carlos Paulino, Equinix: “As soluções dentro do bare metal, todas as soluções dentro de on demand computing capacity, no fundo, de um modelo sempre de consumo baseado nas necessidades a cada momento, são cada vez mais uma tendência dos data centers dentro do que são as novas soluções pedidas pelos clientes. A necessidade da inteligência artificial, uma densificação contínua dos data centers, com os clientes a solicitarem cada vez mais potências que vão acima dos 30 kW por rack, que serão completamente impossíveis de refrigerar sem soluções liquid cooling”

Mário Pimentel, Schneider Electric: “O desafio passa por conciliar esta demanda energética nos data centers com as práticas sustentáveis e as metas ambientais que todos nós estamos a propor e ainda bem que o estamos a fazer. Nós temos investido em tecnologias que priorizam a eficiência e a sustentabilidade, seja ao nível dos equipamentos, seja sobretudo ao nível do software”

De que forma a inteligência artificial e o machine learning estão a ser integrados em data ceners e soluções de edge computing para otimizar operações e manutenção preditiva?

 

Luís Feitor, Specialist Systems Engineer, Commvault

Luís Feitor, Specialist Systems Engineer, Commvault: “Um caso muito prático é a necessidade de recuperar dados após um ataque de ransomware. Como é que nós sabemos que a proteção dos dados está segura e limpa e pode ser recuperável de forma eficiente? Há vários anos que nós utilizamos a vertente de machine learning para permitir descobrir desvios de comportamento anormal num determinado workload e, com base nesse desvio de comportamento, tomar ações de prevenção, de validação, sobre uma vulnerabilidade que possa estar a acontecer naquele ambiente”

Edgar Silva, Pamafe IT: “Torna-se um pilar estratégico para nós termos e estarmos suportados em tecnologia que nos dê a capacidade de antecipar um problema, não só na ótica de um eventual ataque, mas sim, por exemplo, numa situação de pré-falha de um qualquer equipamento que esteja a suportar um ambiente crítico dos nossos clientes. Trabalhamos na área da indústria, da saúde, no setor financeiro, portanto suportamos clientes com workloads críticos”

A crise energética que se acentuou nos últimos anos ganhou relevância crítica nas decisões. Quais as estratégias específicas que estão a ser implementadas para melhorar a eficiência energética nos data centers? Como é que estas medidas afetam o custo operacional e a pegada de carbono?

Isabel Pinto, Distribution Channel Manager, Vertiv

 

Isabel Pinto, Vertiv: “Há vários componentes que nos levam à redução de custos, sejam custos de energia e custos operacionais, seja a redução da pegada carbónica. Alguns deles prendem-se com o facto de todos os equipamentos que compõem a infraestrutura crítica, sejam eles UPS, chiller ou outros equipamentos de refrigeração, suportarem temperaturas cada vez mais elevadas, mantendo, ao mesmo tempo, o seu nível de alta performance. Isto, só por si, já reduz drasticamente o consumo energético e o impacto ambiental”

Mário Pimentel, Schneider Electric: “Esta estratégia passa pela descarbonização e pela digitalização. A descarbonização com produtos mais eficientes, mais sustentáveis e que emitem menos gases com efeitos de estufa, materiais circulares, embalagens recicláveis, etc. Um foco muito importante também na nossa estratégia é a digitalização: o nosso portfólio de software permite digitalizar, neste momento, todo o ciclo de vida do data center. Isto significa ganhos de eficiência energética muito relevantes”

Anna Baldrís Iñigo, Business Development Manager, Fujifilm: “É importante fazer uma abordagem holística do data center e fazer um foco na economia circular e vantagens que podem aportar o Green IT. A computação e o armazenamento de dados energeticamente eficientes tornaram-se uma prioridade para a UE e para todas as empresas para não perderem competitividade. Os data centers devem ser mais sustentáveis do ponto de vista energético, reutilizando a energia residual como o calor, utilizando mais fontes de energia renovável e renovando infraestruturas físicas de TI”

Como é que as empresas de data center e edge computing se estão a adaptar às regulamentações globais de privacidade e proteção de dados como o RGPD?

 

Filipe Frasquilho, Diretor de Negócio Datacenter & Cloud, IP Telecom

Filipe Frasquilho, Diretor de Negócio Datacenter & Cloud, IP Telecom: “Se estamos a tratar de dados que são privados podem ter componentes que estão ligadas às pessoas e hoje a grande maioria já utiliza isso. Temos de ter muito cuidado como os tratamos. Temos de ter a capacidade de os anonimizar, temos de ter a capacidade de os trabalhar de forma diferente para que consigamos tirar valor desses dados, mas sem causar problemas e sem potenciar as coisas más que estas soluções podem trazer”

Luís Feitor, Commvault: “Um aspeto muito importante é reduzir o risco e encontrar os dados em produção. Como é que nós conseguimos encontrar dados num ambiente de produção que têm no seu conteúdo dados identificadores de um cidadão? Como é que nós fazemos a gestão também na proteção na eventualidade de eu ter de apagar dados que identifiquem um cidadão, mas que se encontram no backup e na proteção, e que eu daqui por seis meses volte a recuperar para a produção e volte a ter uma não conformidade?”

Qual é a importância da interconexão entre data centers e como pode a colaboração melhorar a eficiência, a resiliência e a cobertura de serviço?

Carlos Paulino, Managing Director, Equinix

 

Carlos Paulino, Equinix: “Hoje a conetividade tem de ocorrer à velocidade do software. Já não é possível a ideia de instalar um novo link para aceder a um determinado serviço, isso tem de ser feito em tempo real: em cenários complexos, no qual a proteção de dados sensíveis é absolutamente fulcral, em toda a parte de garantir performance dentro de cenários multicloud, conexões privadas, sempre com vários níveis de disponibilidade”

Javier Núñez Fernández, Pre Sales Engineer, Zaltor: “Se analisarmos desde a parte mais importante do data center, que é o dado, e conseguirmos interconectar data centers com sistemas robustos de conexão, vai-nos permitir que este dado possa não estar só num sítio. Graças à globalização posso ter vários data centers. O que vamos fazer é tornar o nosso dado mais acessível a partir de qualquer outro lugar do mundo. Vamos conseguir que a experiência do utilizador para a conexão que tem ou a recuperação desse dado seja muito mais rápida”

Filipe Frasquilho, IP Telecom: “Para conseguirmos ter as coisas rápido temos de ter o mínimo de latência possível e a latência, infelizmente, tem a ver com a distância física. Não é aumentar a largura de banda, não é ter mais cabos – se a distância é X nós não conseguimos que os dados sejam entregues mais rapidamente se aquela distância for a mesma. Deste modo, para conseguirmos entregar o serviço de uma forma rápida, e que ele seja realmente online para os clientes finais, tem de haver edge computing e data centers mais perto”

Como é que as preocupações com a sustentabilidade e integridade estão a influenciar as práticas de armazenamento de dados e backup, especialmente em termos de eficiência energética e redução da pegada de carbono?

 

Anna Baldrís Iñigo, Business Development Manager, Fujifilm

Anna Baldrís Iñigo, Fujifilm: “A chave reside na criação de um arquivo ativo, com infraestruturas tecnológicas seguras e flexíveis, adaptadas às novas exigências de sustentabilidade para reduzir o seu impacto ambiental, apoiando-se em software inteligente de gestão e arquivo de dados compatível com armazenamento tape e eliminando silos de dados isolados para os ligar entre si para uma maior eficiência e redução de custos”

Javier Núñez Fernández, Zaltor: “Uma boa gestão dos dados e uma boa estratégia de armazenamento vai-nos permitir ter sempre uma boa eficiência energética. Vai-nos permitir poupar e conseguir que o nosso dado se mantenha durante mais tempo, sem necessidade que tenha esse custo energético que pode incluir um disco ou qualquer outro suporte que não esteja continuamente conectado a um suporte ou a uma máquina”

Edgar Silva, Pamafe IT: “Encontramos com muita frequência o over provisioning de recursos para armazenamento de dados, ou seja, plataformas que estão sobredimensionadas para aquilo que de facto necessitavam de ter do ponto de vista físico, para guardar a informação que se pretende. Isto porque, em muitos casos, o repositório de dados onde estão a ser armazenados não é o adequado para o dado em si. Neste caso utilizamos para tecnologias relacionadas com backup ou arquivo soluções que nos garantam aquilo que nós designamos como data reduction”

Como pode o data center tirar partido da evolução e crescente adoção da cloud híbrida? Como se tem adaptado?

Filipe Frasquilho, IP Telecom: “Aquilo que faz sentido é ter coisas em cloud, on-prem, para dar mais alguma flexibilidade, mas onde os custos são altamente controlados, e depois tirar as vantagens das clouds públicas naquilo que realmente é cloud-native. Por outro lado, há algo fundamental a ter em conta e por isso é que estamos muito focados num ambiente híbrido – os dados. Devido à soberania dos dados, nós temos de saber onde é que os dados estão e saber que há dados que não devem sair do país”

Isabel Pinto, Vertiv: “A sensibilização faz com que as empresas comecem a olhar para as suas infraestruturas para além da otimização de custos, também no sentido de as redimensionarem e as dimensionarem de forma correta com a cloud. Neste momento muitas delas podem estar sobredimensionadas com equipamentos antigos, portanto, com elevados custos energéticos e muito pouco verdes e sustentáveis”

Pode descrever as últimas tecnologias e abordagens para backup e recuperação de dados que estão a ser utilizadas nos data centers para garantir a resiliência e a integridade dos dados?

Luís Feitor, Commvault: “Não resta apenas comprar uma tecnologia para determinada funcionalidade se ela depois não for bem implementada e bem mantida. Neste caso concreto é uma preocupação muito grande. Na arquitetura da tecnologia Commvault já há muitos anos que separamos aquilo que é a parte de controlo da parte dos dados, com uma segmentação de rede, tanto ao nível físico, com uma segmentação lógica, com uma autenticação, com certificados. Todas essas funcionalidades existem, mas é preciso implementá-las”

Edgar Silva, Pamafe IT: “Disaster recovery e business continuity são temas já muito falados, principalmente na área financeira e nos grandes clientes. A questão do backup enquanto backup tradicional também é algo que, julgo, melhorou bastante no nosso país nos últimos anos e, portanto, já existe uma consciência, já existe a noção de que é necessário termos um mecanismo de recuperação em caso de perda de dados. Agora vem esta questão da ciber-resiliência que é outro tier de proteção, mais sensível”

Anna Baldrís Iñigo, Fujifilm: “Os cibercriminosos aprenderam a atacar primeiro o backup, seja através da eliminação ou da encriptação, porque a remoção da capacidade de restaurar os dados aumenta as hipóteses das organizações que estão forçadas a pagar o resgate para recuperar os seus dados. Na Fujifilm aconselhamos os clientes a apostar numa segunda ou terceira cópia dos seus dados mais críticos em tape”

Javier Núñez Fernández, Pre Sales Engineer, Zaltor

 

Javier Núñez Fernández, Zaltor: “Tendo uma boa estratégia vamos simplesmente ter segurança na hora de poder recuperar no menor tempo possível os nossos dados, com a consequente perda do mínimo tempo possível para poder ter a nossa organização novamente em pleno funcionamento sem qualquer problema. Poder monitorizar, poder ter visão de todos estes passos ou de todos estes meios que podemos utilizar na hora de fazer a cópia de segurança é essencial”

Como podem os Parceiros aproveitar ao máximo o mercado de data center em 2024?

Luís Feitor, Commvault: “A mensagem é simples: é aproveitarem a oportunidade que a Commvault proporciona com uma única tecnologia, com múltiplas funcionalidades e com possibilidades de upsell e de cross-sell, com completa heterogeneidade em relação à infraestrutura onde é implementada. Por último, poder juntar o melhor dos dois mundos que é ter uma solução on-prem, completamente gerida pelo próprio cliente, ou uma opção as-a-service, completamente gerida também pela Commvault na cloud”

Carlos Paulino, Equinix: “A magnitude da oportunidade que temos à frente, em Portugal, é absolutamente colossal. Da nossa parte sem dúvida de que temos, em termos da plataforma Equinix, o maior ecossistema digital a nível global e continuaremos a disponibilizar soluções de vanguarda. Pretendemos torná-las possíveis de trazer para o mercado através de Canal”

Anna Baldrís Iñigo, Fujifilm: “O setor dos data centers está em constante evolução para se adaptar às exigências do mercado e às novas tecnologias. Este ano a indústria continua a sua rápida evolução, impulsionada pela sustentabilidade, eficiência energética, automação e inteligência artificial. As empresas que adotarem estas tendências posicionar-se-ão fortemente no mercado, aproveitando as oportunidades e enfrentando os desafios que este ano traz”

Filipe Frasquilho, IP Telecom: “A IP Telecom, trabalhando só em Portugal, pode disponibilizar e disponibiliza aos Parceiros, e também clientes finais, um conjunto de data centers nacionais, um conjunto que podem trabalhar numa ótica de housing, podem trabalhar numa ótica de cloud portuguesa”

Mário Pimentel, Schneider Electric: “Com todos os indicadores que temos, o mercado dos data centers em Portugal vai estar especialmente ativo em 2024, com o aparecimento de projetos importantes. Cabe-nos a todos nós, do ecossistema português, aproveitar esta oportunidade que requer um trabalho de equipa. Esperamos que 2024 seja um ano de consolidação do nosso ecossistema, em que vários Parceiros estabeleçam as sinergias necessárias para dar visibilidade internacional ao nosso mercado português”

Isabel Pinto, Vertiv: “Para os Parceiros que estão no terreno e que lidam constantemente com as pequenas empresas, e que na maior parte das vezes encontram problemas e necessidades que parecem complicados de resolver, a Vertiv disponibiliza a todos esses Parceiros soluções, serviços, recursos técnicos, recursos comerciais que, de certeza, os ajudarão nessa missão”

Javier Núñez Fernández, Zaltor: “Temos as nossas ferramentas, temos a nossa equipa, temos o nosso pacote de serviços para poder dar uma ajuda e poder levar a cabo qualquer projeto, por muito pequeno ou muito grande que seja”

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