Ana Oliveira, IT Recruiter, Michael Page em 2021-10-21

OPINIÃO

Liderança

Transformação digital do recrutamento

Quando refletimos acerca do último ano e meio que vivemos é impossível fugirmos à realidade do COVID-19, que veio impactar de formas inimagináveis o nosso quotidiano pessoal e laboral

Transformação digital do recrutamento

Ana Oliveira, IT Recruiter, Michael Page

No que concerne ao recrutamento é bastante evidente a diferença que observamos no que toca aos processos e meios de recrutamento, transversal a diversas empresas e setores de atividade. Se por um lado, era pouco provável realizarem-se entrevistas e fazer-se onboarding de colaboradores de forma remota, hoje é quase impossível pensar numa realidade que não contemple estes moldes. A pandemia COVID-19 veio deste modo acelerar a transformação digital dos processos de recrutamento, bem como, digitalizá- los.

As entrevistas por vídeo já eram uma tendência crescente em diversas áreas, e no setor tecnológico já eram poucas as entrevistas de recrutamento que se faziam presencialmente, sendo o virtual a escolha elegida pelos candidatos, quer seja pela comodidade, disponibilidade horária e facilidade na assiduidade.

No entanto, a pandemia veio nitidamente acelerar esse processo, pois a impossibilidade de realizar entrevistas presenciais e a tendência crescente de necessidades de recrutamento, forçou a que esta mudança fosse realizada de uma forma mais célere. É importante automatizar processos e torná-los o mais eficientes possível, contudo, não podemos descurar a importância que o processo de recrutamento tem para o candidato. Existe uma dificuldade crescente neste equilíbrio, à medida que modelos híbridos de trabalho são adotados pelas empresas.

São diversas as vantagens associadas a modelos híbrido de trabalho. No setor tecnológico, verificamos uma exigência crescente por parte dos candidatos em poder trabalhar em regime de home-office. Uma das justificações apresentada passa pela maior produtividade verificada nos últimos meses, a qual pode estar associada a uma melhor gestão do dia-a-dia, ou por contrário, a uma maior carga horária. Esta mudança de paradigma, permitirá às empresas ter acesso a um conjunto muito mais diversificado em termos de talento, e incorporar candidatos de diferentes geografias, acedendo a pools de candidatos mais diversificada.

É de destacar o papel que os meios digitais desempenham nas empresas, sendo que, aquelas que apresentem as melhores ferramentas tecnológicas, serão as que têm maior capacidade de atrair um conjunto de talentos diversificado pois transparecem um melhor acompanhamento das tendências de mercado, e deste modo, são mais desejáveis pelos colaboradores.

À medida que modelos híbridos emergem, é impossível descurar os desafios que lhes são inerentes. Algumas das questões que se colocam prendem-se com a adoção de um modelo de contratação híbrido que contemple fases de recrutamento presenciais e remotas que pode dificultar a transparência, coerência e não discriminação, bem como, garantir um processo de recrutamento justo e inclusivo.

É importante ter em consideração que todas estas mudanças e automatizações a nível de processo de recrutamento, também obrigam a que o papel do recrutador se altere, e que acompanhe as mudanças inerentes. Com a automatização de processos, será possível o recrutador focar-se mais na experiência do candidato e poder ajudar a consciencializar na tomada de decisão bem como, apoiá-los de forma mais eficaz, e não somente em conduzir os candidatos no processo de recrutamento. Este acompanhamento não é generalizado, uma vez que depende sobretudo do perfil pessoal e comportamental de cada candidato.

Posto isto, vários têm sido os modelos postos à prova no que toca a formas de recrutamento remoto, desde ferramentas de avaliação baseadas em comportamentos, entrevistas por vídeo, desafios, testes online, avaliações técnicas, screening telefónico. Todas com o mesmo objetivo: tornar os processos de recrutamento mais rápidos, ágeis, generalizados e em volume. É importante ter em conta que o método de recrutamento deve diferir não só segundo a posição para a qual a empresa está a contratar, mas também, tendo em consideração o setor de atuação. Deste modo, e dada a transformação digital que vivemos aos dias de hoje, é importante acompanhar as tendências relativamente à adoção de modelos híbridos de recrutamento, não só por serem uma propensão de futuro, como também por serem os mais desejáveis pelos candidatos.

Assim sendo, caminhamos para uma transformação digital sem precedentes, e é importante que as empresas estejam conscientes disso e se preparem para atuar de forma diferente, pois será possível atrair e reter talento de forma mais eficaz.

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