Jorge Bento em 2022-2-08

OPINIÃO

Editorial

Porque mais vale só que...

O resultado das eleições de janeiro foi surpreendentemente clarificador

Porque mais vale só que...

Põe fim a um pântano político que se arrastava há anos. Dos países europeus que conheço com alguma profundidade, Portugal é o único onde, na prática, os dois principais partidos são basicamente sociais democratas.

Os que têm esse nome registado, bem se podem queixar que os outros tenham migrado do vermelho ao rosa, colocado o velho Marx na gaveta em 1983 (para poder integrar a CEE), mas isso são mesmo águas passadas. O resultado prático é que em “produtos” concorrentes relativamente similares, o “sales pitch” tem de ser radicalmente diferente. A narrativa dos “rosa” é tão elaboradamente sofisticada que tornou aparentemente natural juntar água e azeite num acordo parlamentar. Claro que a realidade se impôs. É que não tem forma de serem misturados. Era realidade virtual.

A velha visualização do posicionamento político a uma dimensão apenas, herdado da revolução francesa e da direita para a esquerda, há muito que não explica a diversidade de soluções que existem pelo globo fora.

Se na Europa quisermos pôr labels e estabelecer a verdadeira divisão, os únicos que resistem diferenciam os Liberais dos Iliberais. O liberalismo europeu trouxe prosperidade a um continente destruído, valores que assentam no livre-arbítrio dos indivíduos, na iniciativa e na criatividade.

Por outro lado, os iliberais reduzem a liberdade de escolha, a financeira, e mesmo a liberdade de expressão do pensamento em público, condicionam a iniciativa em nome de um suposto bem coletivo, seja a pátria ou o povo. Ainda que nestas eleições os iliberais tenham migrado de um extremo do hemiciclo para o outro extremo, a soma dos deputados iliberais é agora bem menor no parlamento.

Dar a um partido do “liberalismo europeu” a maioria absoluta para governar, mesmo podendo não ser exatamente da família política com a qual mais nos identificamos, representa para a empresas e para os empreendedores a previsibilidade que não tivemos nos últimos seis anos, a capacidade de execução do PRR, a estabilidade nas regras do jogo e, mesmo em tese, uma capacidade de atrair talentos para a governança que sejam mais do que “bullies” políticos.

Ao nos termos livrado dos iliberais, a economia tem agora mais possibilidade de recuperar na competição entre as liberais economias da convergência europeia.

Neste governo é definitivamente melhor eles estarem sozinhos do que mal acompanhados.

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