João Cruz, Iberian SP & FS Business Development Director, Schneider Electric em 2021-2-09

OPINIÃO

Edge Computing: uma tecnologia chave para a educação digital

2020 demonstrou-nos que a tecnologia é fundamental para o sucesso num mundo que se apoia cada vez mais na educação digital. Contudo, existe ainda um desconhecimento no setor sobre o papel que o Edge Computing pode desempenhar na resposta à crescente e inevitável procura por atividade TI, continuidade de negócio, conectividade e disponibilidade

Edge Computing: uma tecnologia chave para a educação digital

João Cruz, Iberian SP & FS Business Development Director, Schneider Electric

As organizações e instituições de educação devem encontrar formas de modernizar as suas TI de modo a proporcionar experiências de aprendizagem consistentes e impactantes. Os sistemas de Edge Computing, que incorporam alimentação de backup, como fontes de alimentação ininterrupta (UPS), TI integrada, software e monitorização remota, serão necessários para apoiar e habilitar novas tecnologias e serviços.

O que é o Edge Computing?

O Edge Computing serve para posicionar os recursos informáticos ou o armazenamento no limite das redes; aproxima os dados e aplicações aos dispositivos, fontes de dados e seus utilizadores. Habilita também o conceito de Micro Data Centers: em vez de um Data Center centralizado com o qual todos os dispositivos “falam”, criam-se muitos Data Centers Edge de menores dimensões e mais perto das aplicações que servem.

Nas escolas e outras instituições de educação, as instalações Edge podem ajudar a gerir os dados e os sistemas de TI em vários campus ou mesmo em residências de estudantes. Com o crescimento contínuo da aprendizagem online e da acessibilidade remota, os alunos acedem com maior frequência a materiais de aprendizagem em aulas virtuais e, em consequência, as equipas de TI estão a contruir salas de servidores mais pequenas, que muitas vezes são Micro Data Centers seguros, tão próximos da fonte de dados quanto possível. É um desafio que está a crescer exponencialmente.

Os benefícios da computação perimetral localizada incluem redundância (sem um ponto único de falha) e, no geral, tempos de resposta mais rápidos numa rede distribuída; uma vez que os dados não precisam de viajar até tão longe, são processados no Edge.

A computação perimetral, também conhecida como TI distribuída, pode resolver as deficiências no rendimento da computação Cloud e até facilitar o caminho para a regulamentação de dados ou a concordância com as normas, através de uma melhor gestão de dados a nível local. Estas são questões cada vez mais urgentes, com o progresso constante da digitalização e o auge das aplicações da Internet das Coisas (IoT). Espera-se que até 2025 existam cerca de 38.6 mil milhões de dispositivos conectados em todo o mundo.

Capacidade no limite?

As escolas e outros ambientes educativos estão a utilizar cada vez mais os sensores IoT e as etiquetas de identificação por radiofrequência (RFID) em rede para monitorizar o equipamento e a atividade de aprendizagem dos estudantes. Para funcionarem de forma fiável, estes requerem geralmente uma largura de banda de latência ultrabaixa. No setor da educação, os investimentos irão impulsionar positivamente os avanços tecnológicos, bem como a eficiência operacional que irá beneficiar tantos os estudantes como as escolas.

O Barclays Research Centre previu que a despesa total em tecnologia de educação alcançará os 342 mil milhões de dólares a nível global até 2025, aproximando-se de uma impressionante taxa anual composta de 12% até 2030. Os estudantes de hoje em dia precisam de muito mais do que um manual, precisam de (no mínimo) ter acesso a um computador e poder aprender de forma remota; mas a educação digital atual é feita de muito mais do que aprender as lições tradicionais online, ou mesmo transmitir vídeos ou podcasts nas aulas.

A personalização e a aprendizagem adaptativa, as tecnologias imersivas e a gamificação não são apenas inovações, são processos que estão já a ser adotados, impulsionados por tecnologias que consomem grandes quantidades de dados, como a realidade aumentada (RA) ou a realidade virtual (RV). Estas tecnologias avançadas não só proporcionam novas e memoráveis experiências de aprendizagem, como também permitem às instituições adaptarem a sua oferta educativa às necessidades específicas dos alunos.

Acelerar uma transformação

A crise sanitária mudou a educação para sempre, com o setor a ver-se obrigado a adotar novas mudanças tecnológicas quase da noite para o dia. A UNESCO relata que 195 países fecharam os campus escolares quando a COVID-19 se expandiu pelo mundo, afetando cerca de 1.5 mil milhões de estudantes a nível global – e provocando também um aumento do nível de atividade online que, em muitos segmentos, continuará a progredir em 2021.

Esta transformação digital acelerada causou um enorme stress e tensão em equipamentos obsoletos, quer de hardware e conectividade dos consumidores ou nas infraestruturas escolares existentes. Desde salas de servidores a serviços de telecomunicações, a situação afeta instalações de educação superior e de adultos, bem como escolas primárias e secundárias, uma vez que a procura por ensino virtual e software móvel continua a crescer. 

Assim sendo, as instituições educativas continuam a enfrentar enormes desafios para se manterem a par da capacidade a curto prazo, bem como para garantirem que contam com as tecnologias e os conjuntos de competências adequados.

Para além disso, as populações têm acesso variável a computadores e ligações à Internet, ou seja, mesmo que as instituições consigam suprir os requisitos básicos de conectividade e largura de banda e satisfazer a procura acumulada, existem ainda problemas de disponibilidade e tempo de atividade, já para não mencionar as dificuldades na implementação de regimes de cibersegurança eficazes e consistentes e comportamentos de monitorização numa rede distribuída. 

Adeus aos sistemas convencionais

O Edge Computing ajuda o setor da educação, potenciando experiências online ou de aprendizagem digital. Os gestores de TI confrontados com estas circunstâncias devem adotar um plano em três etapas para apoiar iniciativas de educação em grande escala.

Em primeiro lugar, devem proteger a sua infraestrutura de Edge Computing utilizando fontes de alimentação ininterrupta (UPS) e unidades de distribuição de energia (PDU) para garantir que têm a capacidade e o tempo de funcionamento adequados. 

O segundo passo consiste em comprovar o estado de toda a infraestrutura de TI e ver como os sistemas podem ser atualizados nas instalações para otimizar o rendimento. Neste caso, os sistemas de refrigeração, as racks e os armários podem necessitar de atualização ou de alterações no design para oferecer uma maior eficiência energética. Podem também ser necessárias medidas adicionais de segurança física e de cibersegurança, para assegurar a proteção contra erros humanos, à medida que se instalam mais computadores em áreas geograficamente dispersas.

Finalmente, e a longo prazo, as instituições de educação devem considerar aproveitar o software de gestão de insfraestruturas de Data Center (DCIM) de próxima geração e a inteligência artificial (IA) para oferecer capacidades de monitorização remota em tempo real, alertas proativos e o rápido envio de equipas de serviço para corrigir qualquer problema. Isto ajudará os profissionais de TI do setor educativo a adaptar-se à nova normalidade e a ter melhores perspetivas de futuro.

Quando olhamos para o que aí vem, vemos que as tecnologias digitais desempenham um papel cada vez mais importante na educação, não havendo dúvidas de que o Edge Computing, a resiliência e a conectividade ininterrupta serão cruciais para a educação. Atualmente, como sabemos, um único dia de inatividade poder ser tão prejudicial para as aulas virtuais como um dia fora da escola. Garantir uma experiência de aprendizagem diversificada, eficaz e digital é imperativo para a próxima geração de estudantes.

 

por João Cruz, Iberian SP & FS Business Development Director da Schneider Electric

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