2018-11-15

OPINIÃO

Como será o escritório do futuro?

É possível identificar três transformações no escritório do futuro para se tornar mais conectado, criativo e colaborativo.

Como será o escritório do futuro?

Miguel Viana, Product Manager – B2B Marketing, na Canon Portugal.

Durante a última década, testemunhámos a evolução dos escritórios para ambientes mais abertos, iluminados e confortáveis, para ajudar os profissionais a descontraírem e consequentemente serem mais produtivos. Mas as perspetivas para o ‘escritório do futuro’ estão a avançar como resposta ao rápido avanço tecnológico na automação, IoT e controlo de voz – tendências desenvolvidas para desempenharem um papel significativo nas futuras formas de trabalhar. É possível identificar três transformações no escritório do futuro para se tornar mais conectado, criativo e colaborativo.

 

Conectado

As pessoas podem dizer 400 palavras por minuto, mas só conseguem digitar 40, no máximo. Até há bem pouco tempo, contudo, nunca tinha existido tanta consideração em relação ao modo como “a comunicação pelo teclado” nos atrasa. Mas, com a tecnologia ativada por voz a progredir rapidamente, iremos provavelmente alterar a nossa interação com os dispositivos do escritório de manual para ativada vocalmente. Já vemos evidências desta tendência com o lançamento da Alexa for Business, pela Amazon.

O modo como nos relacionamos com os equipamentos no escritório evoluiu dramaticamente. No ano passado, uma empresa americana de tecnologia gerou várias notícias por implantar microchips nos seus colaboradores, que lhes permite abrir portas, iniciar sessão nos computadores ou comprar comida através de dispositivos IoT incorporados. Apesar de ter sido em grande parte visto como um truque publicitário, os dispositivos conectados estão a tornar-se mais omnipresentes nos processos empresariais, seja para gerir o material de escritório ou reportar erros técnicos.

À medida que os equipamentos de IoT se tornam mais comuns, é possível que comecem a ser utilizados até para promover o bem-estar dos colaboradores. Por exemplo, todas as pessoas já  sentiram demasiado calor ou frio no escritório e um estudo indica que apenas metade das pessoas estão satisfeitas com a temperatura no local de trabalho.

Soluções de trabalho conectadas estão a ser adotadas para otimizar o ambiente para os colaboradores, com sistemas de aquecimento ligados que respondem às alterações das condições climáticas e programas inteligentes que avisam os utilizadores se estão há demasiado tempo sentados.

 

Criativo

De acordo com o World Economic Forum, a criatividade será uma das competências de trabalho mais requisitada até 2020 e muitos dos cargos que antes eram unicamente técnicos poderão começar a exigir esta competência.

A automação é um dos grandes fatores impulsionadores desta mudança. Nos próximos anos podemos esperar ver a automação e a robótica aumentada a serem utilizadas mais consistentemente no local de trabalho, principalmente para remover os trabalhos quotidianos e repetitivos que ocupam muito tempo e inspiração. Isto deixará os colaboradores mais focados exclusivamente em tarefas “humanas” como a criatividade e o raciocínio lógico, criando rapidamente uma maior necessidade destas competências.

Na última década as empresas têm estado mais focadas em suportar a mobilidade e o trabalho remoto, libertando os colaboradores das suas secretárias e permitindo-lhes trabalhar como e onde quiserem. No entanto, à medida que o debate sobre a produtividade dos colaboradores que trabalham remotamente continua, esta visão para o futuro do trabalho está a passar por mudanças rápidas e a criatividade está a tornar-se a nova prioridade.

O trabalho remoto significa que os colaboradores estão a trabalhar independentemente e a perder o ambiente colaborativo do trabalho em equipa, pensado para encorajar a criatividade. O relatório InfoTrends’ 2018 indica que algumas empresas, como a IBM, já começaram a reduzir os programas de trabalho remoto, de forma a incentivar a criatividade e a conduzir os colaboradores em direção a um ambiente que apoie esse método.

 

Colaborativo

No Workplace 2017, o executivo Julien Codorniou referiu: “As pessoas estão a entrar no mercado de trabalho, talvez pela primeira vez, sem saberem como utilizar o e-mail, mas sabem como utilizar aplicações de mensagem, de fotografia e de vídeo.” Com plataformas como o Spark da Cisco, o Workplace do Facebook, o Flock, o Slack e o Microsoft Teams a crescer em popularidade ao longo dos anos, a comunicação e colaboração no trabalho tornam-se mais imediatas e em tempo real.

A comunicação está a entrar numa nova fase, referida como ‘interface conversacional’ onde os colaboradores farão a maior parte do seu trabalho a partir de uma aplicação de chat, em vez de alternarem entre diferentes aplicações para funções diferentes. Esta tendência apoia uma cultura “always on” em tempo real, onde o e-mail já não se adequa, a colaboração é muito mais eficaz quando o tempo de resposta são segundos e não dias.

Os robots colaborativos criados para trabalharem com os humanos ou “cobots” realizaram a sua primeira estreia na indústria de fabrico, sendo utilizados para revolucionar as linhas de produção, e são agora comuns nos centros de distribuição da Amazon e da Ocado. Tendo em conta que os cobots ainda não foram introduzidos no escritório, podemos esperar vê-los a desempenharem um papel no escritório do futuro, à medida que os preços de produção baixam e eles se tornam mais acessíveis.

 

Conclusão

Com todo este ‘buzz’ em torno da conectividade, criatividade e colaboração é fácil para os líderes empresariais depararem-se com conceitos intangíveis. Existe a perceção de que os desafios em torno destes fatores são assuntos por resolver, mas isso não é verdade. As empresas devem começar por quantificar os seus objetivos, e recorrer a aconselhamento especializado sobre quais são os processos que irão criar valor. Só assim podem construir um escritório inteligente para o futuro, que oferece um retorno forte no investimento e aperfeiçoa as carreiras profissionais dos colaboradores e dos decisores.

 

Miguel Viana, Product Manager – B2B Marketing, na Canon Portugal

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