Sónia Gomes da Silva em 2015-2-05

EVENTOS

Portugal: Após 5 anos negativos, IDC prevê recuperação nas TI já em 2015

Big data, cloud computing, mobilidade e serviços sociais com maior peso no crescimento do sector das Tecnologias de Informação (TI), num cenário que agora apresenta diferentes realidades por sector em Portugal

Portugal: Após 5 anos negativos, IDC prevê recuperação nas TI já em 2015

Durante a apresentação do relatório, Gabriel Coimbra country manager da IDC Portugal salientou que as empresas nacionais ainda não olham para as TI como facilitadoras do negócio.

“Após cinco anos de quebra, período em que o mercado de TI passou pela maior crise de sempre em Portugal, a IDC estima que em 2014 o mercado nacional de TI tenha invertido a tendência negativa e tenha crescido 1,3%. Contudo este valor ainda está abaixo do crescimento verificado a nível mundial e europeu em 2014, de 3,5% e de 1,9%, respetivamente”, lê-se no relatório sumarizado da empresa de Market Intelligence. “Em função do novo contexto económico e do rápido desenvolvimento da Terceira Plataforma de TIC”, a consultora prevê que o mercado nacional de TI cresça 0,9% em 2015, 1,7% em 2016 e 1,9% e 2,2%, em 2017 e 2018, respetivamente.

No estudo intitulado “Portugal no Ponto de Viragem da Transformação Digital" ( download no final da página ), que foi apresentado a cerca de uma centena de profissionais a 4 de Fevereiro, no Hotel Pestana Palace, em Lisboa, a IDC sublinha que este crescimento do mercado de TI está relacionado com o desenvolvimento da Terceira Plataforma Tecnológica – um novo paradigma tecnológico assente na Mobilidade, nos Serviços Cloud, nas Tecnologias Sociais, e no Big Data -, e preconiza que as organizações podem obter ganhos de competitividade elevados, nomeadamente através do suporte aos processos de internacionalização, no aumento da eficiência operacional, na inovação ao nível da oferta de produtos e serviços e através de uma maior agilidade para se adaptarem às condições evolutivas do mercado.

Diz a empresa que os mercados associados à Segunda Plataforma vão entrar em modo de recessão em todo mundo (com crescimento de 0,4% em 2015 e declínio nos próximos anos), os mercados ligados à Terceira Plataforma, vão crescer 13% a nível mundial em 2015. E indica que hoje, a Terceira Plataforma já representa cerca de 25% do total do mercado das TIC e praticamente 100% do seu crescimento.

“Apesar de muito ter sido feito nas organizações nacionais, estas ainda continuam a achar que o papel das TI não é um facilitador do crescimento do negócio e sim as questões mais tradicionais como as da produtividade e da eficiência. E essa posição apresenta um reverso da medalha, com 70% do orçamento a ser consagrado às operações e apenas 30% à inovação”, explica Gabriel Coimbra, afirmando que as tecnologias da Terceira Plataforma vão conseguir reduzir consideravelmente o valor atualmente consagrado às operações.

Maiores investidores e oportunidades

O crescimento das TI em Portugal, apresenta diferentes realidades por sector de atividade, sendo esperados os maiores investimentos em áreas como os seguros, a saúde, a energia e utilities, seguindo-se a indústria, os serviços profissionais, a distribuição e o retalho. Os investidores mais fracos nesta fase de mudança centram-se transportes, nas telecomunicações, nos media, no imobiliário, na construção, na agricultura e na banca.

“No sector da saúde apesar de termos visto uma restrição orçamental brutal nos últimos anos prevê-se um crescimento quer de soluções de TI, quer de novos projetos. A Administração pública local e central mostram alguma dinâmica - temos visto alguns projetos -, e a indústria e o retalho vão continuar a crescer ligeiramente acima da média. Há algumas perspectivas, nalguns bancos”, sublinha o responsável.

Nas tendências do mercado por dimensão da organização, grandes empresas e PME, o maior crescimento advém das aplicações e na Cloud.

A preocupação nas TI deve pois estar focada “um pouco mais no desenvolvimento de ecossistemas e parcerias, soluções na área da IoT, nova geração de soluções de segurança, na própria transformação digital que envolve várias componentes de TI. Há uma mudança que tem de ser feita na cultura dos responsáveis de TI, e reside na capacidade de trabalhar não só com CIO mas também com outras áreas de negócio de forma integrada e em vez de individual”.

No quadro comunitário surgem oportunidades nos sectores privado e público, no desenvolvimento de parcerias, ecossistemas e um desafio adicional com a falta de recursos offnet, java, segurança, e com o aumento de recursos devido ao regresso de profissionais de Angola. A médio-longo prazo, e ainda por desafio, as empresas devem de tomar em conta “o envelhecimento da população, a fraca qualificação dos recursos, a internacionalização que vai continuar e a fraca competitivade de organizações que necessitam de dar o salto nos próximos anos”.

No final do evento, Timóteo Figueiró, consultor sénior da IDC, disse que a indústria deveria de pensar em três tópicos fundamentais: “O ecossistema de parceiros vai ter de ser diferente do que foi durante a segunda plataforma. Nas soluções a apresentar aos clientes, pensar em primeiro lugar que qualquer solução deve ser pensada na perspectiva da transformação digital da organização, nas funções que se colocam no mercado e, independentemente das necessidades do cliente, daqueles produtos que achamos que vão ter sucesso (aplicações, funções), é necessário pensar naquilo que são as nossas potencialidades ou problemas estruturais e (eventualmente) casar com os dinheiros que neste momento provém do quadro comunitário destinado a Portugal e, do outro pacote, que ainda é maior, do plano Junker. Esta pode ser uma oportunidade para dar um salto qualitativo e quantitativo”.

Previsões para Portugal em 2015

1. Mercado Nacional de TI entra num novo ciclo
Após cinco anos de crescimento negativo, o mercado nacional de Tecnologias de Informação (TI) entrou num novo ciclo e deverá registar um crescimento de 0,9% e atinja os 3,46 mil milhões de euros em 2015. E, este crescimento é extensível a quase todos os segmentos de mercado. No entanto, e apesar desta alteração, o mercado de serviços de telecomunicações deverá manter-se em território negativo (-2.8%).

2. Cloud Computing continua a crescer a dois dígitos em Portugal
Após uma primeira fase de adoção de serviços de cloud computing, caracterizada pela implementação de projetos ad hoc, as organizações nacionais começam a equacionar a implementação sistemática destes serviços para suporte às suas iniciativas de internacionalização e de captura e fidelização de clientes. Deste modo, a procura de serviços de cloud computing vai continuar a crescer no território nacional, sendo que “o desenvolvimento da Cloud Privada assume relevância principalmente nas grandes organizações”, afirmou Gabriel Coimbra, country manager da IDC Portugal.


3. Mobilidade, o motor da inovação nas organizações nacionais
As tecnologias e soluções móveis vão representar mais de 40% do crescimento mundial do mercado de TI. O novo perfil dos consumidores, mais digitais e móveis, e as alterações no ambiente de trabalho, nomeadamente com o crescimento do número de colaboradores móveis (em Portugal são mais de 2,8 milhões, equivalente a 64% da população ativa), vieram criar uma pressão adicional para que as organizações procedam à mobilização dos seus processos de negócio. No território nacional esta tendência começa a ser uma realidade e a despesa com estas tecnologias vai registar um crescimento superior ao da despesa TI, assim como vai reforçar o peso na despesa global de TI.

4. Big Data & Analítica de negócio continua na agenda dos gestores nacionais
O Universo Digital no território nacional tem vindo a crescer a um ritmo superior ao da economia nacional. Nos últimos anos, foram implementados sistemas de armazenamento nas organizações nacionais com capacidade de mais de 360 Pb com o objetivo de capturar uma fatia significativa desta nova realidade. Face ao crescimento exponencial dos dados no território nacional e à crescente diversidade dos dados armazenados, a maioria das organizações nacionais tem vindo a equacionar a adoção de tecnologias BDA com o objetivo de melhorar o desempenho do negócio e, em simultâneo, melhorar o conhecimento dos clientes e antecipar as suas necessidades.

5. Segurança vai regressar à agenda dos decisores nacionais apenas em finais de 2015
A generalidade das organizações nacionais já enfrentaram incidentes de segurança nos últimos anos, alguns deles com alguma gravidade. No entanto, e apesar deste cenário, a segurança da informação não é uma prioridade das organizações nacionais. A inversão do ciclo económico vai alterar esta realidade e a despesa com segurança vai crescer em 2015. E, as organizações nacionais começam a adotar um novo paradigma de segurança - estar mais preocupadas com a segurança dos dados, em detrimento da segurança dos equipamentos.

6. Empresas nacionais preparam centros de dados para a 3ª Plataforma
As empresas nacionais aproveitaram o ciclo recessivo da economia nacional para adotarem estratégias de consolidação e de virtualização da infraestrutura tecnológica, assim como iniciativas de otimização e de normalização dos processos do departamento de TI. Concluídas, ou em fase de conclusão, estas iniciativas, as organizações nacionais vão aproveitar a mudança de ciclo económico para adaptarem os seus centros de dados à nova realidade tecnológica, iniciar processos de adoção das tecnologias da 3ª Plataforma e implementar o conceito de IT-as-a-Service.

7. IoT vai acelerar a transformação digital nas organizações nacionais
Em 2020, a IDC estima que existam mais de 68,1 milhões de equipamentos (incluindo PCs, smartphones, relógios e acessórios inteligentes, consolas, carros, eletrodomésticos, equipamento eletrónico, entre outros) ligados à Internet no território nacional (cerca de 6,4 equipamentos por pessoa). A adoção de estratégias que contemplem a Internet of Things (IoT) vai permitir que as organizações nacionais acelerem a transformação digital dos seus processos e iniciativas. Áreas como o ambiente, as redes energéticas, as cidades inteligentes, a gestão de ativos, saúde e bem-estar poderão beneficiar da adoção de estratégias que incluam esta nova realidade.

8. Internacionalização continua na agenda das empresas portuguesas
Confrontadas com o ciclo recessivo da economia nacional, as empresas nacionais adotaram estratégias de internacionalização das suas atividades como forma de ultrapassarem as dificuldades sentidas no território nacional. Ultrapassado o ambiente recessivo, a maioria das empresas continua a privilegiar a adoção e/ou consolidação das suas estratégias de internacionalização. Esta realidade tem vindo a influenciar positivamente o comportamento da despesa TI e permanece como um dos principais fatores de crescimento em 2015.

9. Relacionamento com clientes é motor dos novos projetos de TI em Portugal
A maioria das organizações nacionais tem planos para reforçar a sua quota nos mercados em que atuam. Para tal, apostam no desenvolvimento e novos produtos e serviços e no desenvolvimento de iniciativas de captação e de fidelização de clientes. Neste contexto, não será de estranhar que a implementação, atualização ou expansão das aplicações de CRM sejam projetos mais referenciados pelas organizações nacionais para 2015. E, muitos deles com recurso a serviços de cloud computing, analítica de negócio, mobilidade e redes sociais.

10. Transformação digital começa a entrar na agenda das organizações nacionais
A IDC prevê que em 2020, a nível mundial, todos os sectores económicos, desde a indústria, passando pelo retalho, banca, seguros, energia, turismo e saúde, serão liderados por empresas com uma forte presença na economia digital. Em Portugal a IDC prevê que o tema da “Transformação Digital” começa apenas em 2015 a entrar de forma mais significativa na agenda dos decisores das principais organizações em Portugal, desde o CIO até ao CEO.

Para o período de 2016 a 2020, a IDC prevê o início da fase mais crítica da Terceira Plataforma, caracterizada por uma explosão de soluções inovadoras e por uma grande criação de valor no topo dos quatro pilares que suportam este novo paradigma tecnológico. Esta fase é caracterizada por “aceleradores de inovação” que estendem radicalmente as capacidades e aplicações da Terceira Plataforma, como é o caso da Internet das Coisas (IoT), Wearable Computing, Drones, Robótica, Impressão 3D, Sistemas Cognitivos, Biologia Sintética e, entre outros, Interfaces Naturais de Computação.

Download do Relatório IDC

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