2023-1-26

CLOUD

Organizações portuguesas estão 9% abaixo da média europeia na adoção da cloud

Novo estudo da NTT Data indica que as entidades portuguesas não se estão a conseguir adaptar ao mesmo ritmo que o resto da Europa, criando divergências competitivas

Organizações portuguesas estão 9% abaixo da média europeia na adoção da cloud

Apesar de se verificar uma evolução positiva na adoção de serviços cloud em Portugal, as entidades financeiras debatem-se com desafios inerentes à escassez de recursos humanos especializados e ao esforço requerido para a modernização dos seus parques aplicacionais. Os dados são do estudo “Adoção Cloud no Setor Financeiro em Portugal”, da NTT Data, que resultou do inquérito a 15 entidades financeiras, – bancos e seguradoras presentes no mercado nacional – entre abril e dezembro de 2022.

Este panorama ultrapassa o setor financeiro, e, de acordo com o Eurostat, as entidades a operar em Portugal encontram-se 9% abaixo da média europeia (36% versus 45% em 2021), apesar de, em 2018 estarem em linha com a prática das congéneres europeias. Estes dados indicam que as organizações portuguesas não estão a conseguir adaptar-se ao mesmo ritmo que as suas pares europeias, o que pode levar a uma maior divergência em termos de competitividade, a nível internacional. 

Numa análise mais detalhada, constata-se que um dos motivos que poderá justificar este atraso se prende com a dimensão das empresas presentes no mercado português. A menor dimensão pode não justificar a adoção deste tipo de serviços, em determinadas situações. De resto, 71% das grandes organizações já utilizam serviços cloud, perto da média europeia que se encontra nos 74%. No entanto, este segmento foi o que teve um menor crescimento desde 2019 (18%).

95% das entidades inquiridas assumem estar num processo de avaliação da adoção de serviços cloud, enquanto apenas 5% afirma não ter intenção, a curto ou médio prazo, de optar por esta tecnologia. Estes indicadores demonstram que existe, atualmente, um movimento comum de análise e integração de cloud, por esta tecnologia se apresentar como uma opção credível de transformação dos sistemas, independentemente da dimensão da instituição e dos diferentes níveis de adoção, seja a utilização de cloud apenas para projetos específicos (12%), a exploração das potencialidades da tecnologia através de provas de conceito (PoC) e estudos (24%) ou da integração de cloud como uma das opções tecnológicas estratégicas da entidade (64%). 

Em termos de perspetivas para o futuro, importa referir que, atualmente, o nível de integração da tecnologia nas entidades do sector já se encontra em níveis bastante significativos, com 76% das entidades a reconhecerem ter entre 10% a 40% dos seus processos suportados em cloud e cerca de 18% a afirmar que mais de 40% das suas aplicações já se encontram na cloud. 

Caracterizando o tipo de utilização, 18% das entidades que participaram neste estudo, afirmam suportar os ambientes não produtivos em tecnologia cloud, 47% afirma deter sistemas periféricos/ não core em cloud, enquanto 53% já apresenta esta tecnologia a desempenhar funções de suporte direto a processos de negócio.

Jorge Miguel Tavares, Diretor na área de banca da NTT Data Portugal, afirma que “este estudo demonstra que as entidades financeiras em Portugal reconhecem o valor da transição para a cloud, estão a fazer um esforço para modernizar os seus sistemas informáticos, tirando partido desta tecnologia, mas, a dimensão das organizações, a complexidade dos sistemas legados e a escassez de talento qualificado está a atrasar esta mudança, o que pode comprometer a competitividade das organizações a prazo, na comparação com as congéneres europeias e com os novos players do mercado”.

Desafios e oportunidades

Independentemente do tipo de utilização, quando se avalia a adoção de serviços cloud, os fatores que são apontados como desafios à sua implementação são os associados à complexidade e risco na migração dos sistemas legacy, pela obrigatoriedade de direcionar uma parte muito significativa do orçamento de IT para essa atividade. 

Nesse sentido, várias organizações apontam que dois terços do orçamento atual é direcionado à manutenção de estruturas mainframe: contratos, parques aplicacionais e sistemas, reconhecendo também a escassez de talento na área. Numa perspetiva tecnológica existem ainda algumas dúvidas relativas à latência associada à convivência entre sistemas suportados em clouds distintas ou on cloud / on prem e incertezas relativamente à interoperabilidade dos sistemas. 

Apesar dos desafios, as entidades inquiridas destacam como principais oportunidades da transição para a cloud: 

  • A elasticidade da infraestrutura, ou seja, a capacidade de adequar de forma ágil a disponibilidade do serviço às necessidades de processamento e armazenamento requeridas pelos sistemas, o que reduz os constrangimentos à sua evolução (70%);
  • A inovação tecnológica, na medida em que permite o alinhamento da arquitetura e da infraestrutura com os padrões mais inovadores, permitindo às organizações aceder a um ecossistema de soluções técnicas de última geração (65%); 
  • O controlo de custos, consequência do modelo pay-as-you-go e da visibilidade dos custos e consumos dos serviços cloud, que oferecem uma capacidade de otimização e avaliação de retorno mais completa do que a existente nos modelos tradicionais (55%).

Numa altura em que assistimos ao surgimento de novas tecnologias que permitem criar novos modelos de negócio e melhorar a experiência final do cliente, é fundamental que as organizações possuam um plano estratégico para fazer evoluir os seus sistemas, dotando-os da flexibilidade necessária para responder às exigências de cada momento. É neste contexto que a transição para a cloud se apresenta como fundamental”, reflete Pedro Miguel Cruz, Diretor na área de Tecnologia da NTT Data Portugal.

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