Rui Damião em 2023-7-05

CHANNEL ON

Tem a Palavra

“Tudo tem de funcionar como um ecossistema porque o cliente tem de ser o beneficiado”

Pedro Gil, Presidente e CEO da Bravantic, foi entrevistado no palco do Channel Meetings onde abordou as estratégias para inovar e crescer num mundo em constante mudança

“Tudo tem de funcionar como um ecossistema porque o cliente tem de ser o beneficiado”

Pedro Gil, Presidente e CEO da Bravantic, no palco do Channel Meetings

A meio do ano de 2022, a Informantem anunciou a alteração da sua identidade, passando a chamar-se Bravantic. Desde então, a organização tem passado por várias alterações que vão além do ‘simples’ rebranding e onde foram adquiridas várias empresas para, como Pedro Gil explica, a Bravantic ter outras unidades de negócio e chegar a novos mercados.

Atualmente, a Bravantic conta com serviços geridos, soluções digitais, redes empresariais, inovação tecnológica, infraestruturas de data center, cibersegurança e digital workplace no seu portfólio e está presente em seis países – Portugal, Cabo Verde, Angola, Moçambique, Brasil e Emirados Árabes Unidos.

Faz agora aproximadamente um ano que mudaram a vossa imagem. Tratou-se apenas de um rebranding ou corresponde a um reposicionamento estratégico do grupo e da sua oferta?

É uma transformação completa. É algo que já tínhamos começado a fazer, tínhamos tentado começado a fazer iniciativas com outras empresas – com a compra e a criação de outras empresas – para entrar em determinados verticais e unidades de negócio que não tínhamos e que não eramos reconhecidos enquanto Informantem, mas chegou uma altura em que decidimos que tínhamos de fazer algo mais.

O algo mais era fazer uma transformação à nossa própria empresa porque tínhamos de falar para o negócio e isso obrigava-nos a nos transformamos e de como víamos a empresa. Não foi só um rebranding, foi uma transformação da empresa e de nós enquanto pessoas e profissionais.

Neste momento, são o maior integrador / MSP de capital português?

Penso que sim. Enquanto capitais nacionais, de um só acionista, penso que seremos, pelo menos, um dos maiores a nível nacional.

O que tem de mudar dentro da estrutura de uma empresa quando se quer saltar de um fornecedor IT para um Parceiro estratégico da transformação do negócio do cliente?

Obriga a um reposicionamento completo da estrutura toda, obriga a uma mudança completa da estrutura, a contratação de uma vasta panóplia de novos profissionais, à abertura de canais de negócio, de Parcerias, de novos canais dentro dos próprios clientes que não tínhamos; falávamos muito para a infraestrutura e queríamos começar a falar para o negócio e esse caminho muitas vezes não é fácil.

Do lado do MSP, as pessoas que estão habituadas a falar com o diretor de informática podem não ser as mesmas que estão preparadas para falar com a administração…

Até o discurso não é o mesmo. Essa mudança cultural não é fácil de fazer. Esse caminho não se faz em três ou seis meses. Nós preparámo-nos para o fazer em três anos; estamos a acabar o primeiro. Temos previsto acabar em 2025, estamos a fazer com sucesso, mas é o caminho que temos de fazer, com a ajuda de Parceiros que nos estão a ajudar a posicionar nesse discurso, nesse caminho que já fala para esses canais e discurso e nos posiciona, também, nesses canais e nos ajuda a ser aquilo que queremos ser.

Como lidam com a escassez de talentos nas várias áreas, sobretudo as técnicas? O que é o projeto New Bravantic Academy?

Esse é um tema para todos. Não é só a captação de talentos, é também a retenção dos mesmos; é um drama para todos.

Em junção com Parceiros nossos, também temos as nossas estratégias e acabamos por ter centros de competências no Paquistão onde acabamos por formar muitos recursos em diversas áreas. Estamos a preparar a nossa New Bravantic Academy que tínhamos previsto inaugurar em 2023, mas não será possível fazê-lo em 2023, vai ser em 2024. Temos diversos protocolos assinados com algumas universidades em Portugal – a Porto Business School é uma delas –, diversos governos a nível dos PALOP – Cabo Verde é um deles e vamos formalizar esse protocolo em breve –, mas é uma academia que visa aproximar as universidades dos fabricantes, das empresas, para que possa aproximar tudo isto da nossa empresa e tentar colocar a Bravantic mais perto das pessoas.

A Bravantic é uma empresa com uma componente fortemente comercial; está no seu ADN. Quais são os valores ou orientações que incute às equipas da linha da frente?

A nossa empresa é muito simples; o cliente é o pilar central. Depois dividimos a empresa em quatro pilares fundamentais: as pessoas, os mercados comerciais, as unidades de negócio e o ecossistema dos nossos Parceiros e associados.

É muito simples; não é nada mais do que isto. O mercado é assim. Nós, todos juntos, somos muito mais do que separados. Tudo isto tem de funcionar como um ecossistema porque o cliente tem de ser o beneficiado no fim de tudo.

Falando apenas do ambiente de negócio em Portugal – que é de momento desafiante – onde estão as oportunidades e onde estão as ameaças?

Neste momento, estamos a tentar crescer no mid-market. Começámos por ter muito mercado no setor público. Visamos este ano muito o mercado privado. Temos uma estratégia para atacar esse mercado, queremos muito esse mercado – o mercado corporate – e é isso que queremos fazer este ano.

Incluindo SMB?

Isso mesmo.

Há pouco referiu a integração de várias empresas na Bravantic. O que é atualmente o grupo em termos de IT?

Para nós foi muito importante; estas novas experiências foram muito positivas. Para além de nos trazer novas áreas de negócio, também trouxeram experiências que foram muito relevantes. Permitiu-nos entrar noutras áreas que não tínhamos, como desenvolvimento de software onde nunca tínhamos estado e que hoje são muito relevantes. A S4Digital, por exemplo, que endereça um catálogo para telcos que funciona quase exclusivamente para fora de Portugal. A Quattro, por exemplo, endereça quase todo o mercado da saúde e tem um portfólio a falar para o negócio. São exemplos claros dentro daquilo que queríamos já muito direcionado para o negócio.

Depois temos outras iniciativas muito ligadas a unidades de negócio como a Nexti2, uma empresa de data center e infraestruturas, são iniciativas que saíram fora daquilo que era a antiga Informantem, hoje Bravantic, mas que são iniciativas de sucesso.

Hoje já temos mais de 300 pessoas, que vale mais do que 150 milhões de euros. A Bravantic atua em várias geografias, quase todos lusófonos. O que muda no modelo de negócios e a forma de entrega de soluções quando falamos de Angola, Cabo verde, ou mesmo do Brasil?

Culturalmente é diferente, acho que toda a gente sabe um pouco as diferenças. É muito diferente. A minha responsabilidade acaba em Portugal, na realidade; a parte internacional está entregue ao resto da SGPS e, com exceção de Cabo Verde onde tenho alguma responsabilidade direta com clientes e com o Governo, não tenho grandes experiências fora dessas geografias.

Portugal continua a ser um país muito burocrático a todos os níveis; lá fora os negócios são feitos de maneira totalmente diferentes. 

Recomendado pelos leitores

Larry Walsh no palco do Channel ON
CHANNEL ON

Larry Walsh no palco do Channel ON

LER MAIS

IT CHANNEL Nº 107 MAIO 2024

IT CHANNEL Nº 107 MAIO 2024

VER EDIÇÕES ANTERIORES

O nosso website usa cookies para garantir uma melhor experiência de utilização.