Sofia Santos, Senior Consultant, Information & Technology, Michael Page em 2020-11-24

OPINIÃO

Liderança

Transformação Digital e o Futuro de Trabalho

O ano 2020 trouxe consigo um grande fenómeno que irá manter-se no nosso dia-a-dia e não, não me refiro à pandemia COVID-19, muito embora este fenómeno tenha sido resultado da mesma. Vamos então explorar o tópico da transformação digital

Transformação Digital e o Futuro de Trabalho

Não creio que este tema seja novidade, pelo menos, para a maioria das empresas portuguesas mas, a verdade é que nos últimos anos, a capacidade de adaptação das mesmas ao nosso mundo digital tem sido tópico de discussão seja em PME, multinacionais ou start-ups. O que podemos nós considerar uma transformação digital? Pode ser algo tão simples como, em vez de bater à porta do departamento de IT sempre que ocorre um erro no seu computador, abrir um ticket no ITSM implementado para o efeito ou então, o exemplo mais atual será o facto de conseguirmos, na maioria dos setores, desempenhar as nossas funções remotamente, continuando a ter acesso a qualquer informação essencial ao nosso dia-a-dia.

É um facto, não podemos generalizar esta ideia – pelo menos por agora – para todas as indústrias contudo, principalmente no setor dos serviços, esta transformação pode ser mais suave do que muitos “velhos do Restelo” acusam. 

A preocupação das empresas em manterem-se ativas e, mais do que isso, produtivas durante estes últimos sete meses fez com que surgissem as mais variadas estratégias para garantir a segurança, motivação e eficácia das suas equipas. Contudo, identificamos alguns pontos comuns entre essas mesmas estratégias, nomeadamente, colocar as pessoas das equipas em primeiro lugar. Tal como no recrutamento e na retenção de talento, as pessoas têm de ser prioridade em detrimento do business, o negócio cresce se deixarmos as pessoas que fazem parte dele, crescer também.

Este crescimento a que me refiro, pode ser alcançado, não só através dos benefícios mais tradicionais como um salário atrativo ou vastas oportunidades de formação, mas também (e principalmente nesta fase) através da flexibilidade de trabalho para conciliar com a vida pessoal. A transformação digital deste ano trouxe-nos exatamente isso, maior flexibilidade num período de incerteza.

Há muito tempo que o mercado nos pedia essa flexibilidade, não só pela questão da COVID-19, mas pelo equilíbrio com a vida pessoal, como já referi. No que toca ao mercado de IT, de forma geral, esta flexibilidade sempre foi mais fácil de obter. No entanto, agora, muita gente que trabalhou durante sete meses em casa por obrigação vê-se agradada pela possibilidade de o continuar a fazer, no futuro. É certo que, existem casos de profissionais com perfis mais sociáveis e/ou pela natureza do seu trabalho, demonstram algum desagrado associado à perda de contacto diário e até físico com os colegas, mas se a nossa empresa estiver verdadeiramente preparada no que diz respeito às soluções digitais, perderemos tanto assim?

Dando um exemplo mais pessoal, durante todo o período de quarentena, não existiu um dia em que não tivesse contacto direto com a minha equipa mais próxima e, mais pontualmente, com todos os elementos da empresa. Isto porque estávamos munidos das plataformas indicadas para manter a proximidade e contacto constante.

A verdade é, estes últimos meses vieram apenas comprovar que os membros executivos das empresas não necessitam de temer uma eventual falha de produtividade nos seus colaboradores simplesmente por trabalharem fora do escritório, aliás, um estudo recente da Mercer aponta que num universo de 800 empregadores, 94% indicam que a produtividade dos seus colaboradores se manteve ou, na maioria dos casos, aumentou desde o período de trabalho remoto. Mesmo estando a lidar com um contexto de trabalho diferente, mesmo estando a enfrentar o stress de uma crise de saúde global e o stress da incerteza associada, sem esquecer de gerir os mais pequenos em casa. Sim, este cenário é real. Claro que as equipas só conseguem produzir se lhes forem providenciadas as ferramentas corretas.

As mais generalistas serão as que permitem contacto com a totalidade das equipas, nomeadamente soluções como Microsoft Teams, Zoom, Google Hangouts, etc. Depois, devemos incluir um bom pacote de soluções Office 365, para manter os processos outrora offline, disponíveis em qualquer dispositivo.

Se houve algo que esta pandemia me ensinou, é que precisamos das ferramentas certas e da confiança de que nos momentos decisivos, se colocarmos as nossas pessoas em primeiro lugar, toda a equipa irá colocar a empresa em primeiro lugar também. 

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