Carlos Latourrette, CEO e Fundador da Latourrette Consulting em 2021-11-25

OPINIÃO

CAOS Digital: A Reinvenção como a única estratégia de sobrevivência

Há já anos que falamos em paperless, nos paperless offices. Esses paperless não eram mais que iniciativas que partiam de dentro das empresas como tática numa estratégia de inovação, de aumento de produtividade. Era algo de endógeno

CAOS Digital: A Reinvenção como a única estratégia de sobrevivência

Carlos Latourrette, CEO e Fundador da Latourrette Consulting

A Transformação Digital não é uma tática, é uma fase obrigatória dum processo evolutivo. Transcende as opções das empresas.

O mundo está a mudar a uma velocidade incrível. O número de dispositivos móveis, de smartphones, tablets, wearables, cresce exponencialmente. Estas ferramentas, que nos dão tanto poder enquanto utilizadores, só podem resultar na transformação radical das nossas estruturas e sistemas mais básicos. A mudança é inevitável. Ao comprar um bilhete de avião, não ligamos a uma agência de viagens. E, da mesma forma que não ligamos a uma agência de viagens, também não exigimos uma fatura em papel depois da compra. Algo de tão básico como o processo de compra de um bilhete “acabou” de ser reinventado. Então, o que podemos dizer do que vai acontecer a coisas mais complexas? A Transformação Digital vai mudar a forma como as pessoas interagem com os negócios, como os negócios interagem entre si, e a própria natureza dos negócios. Vai até colocar em causa a existência de muitos negócios.

Atualmente, os estudos apontam, quase concludentemente, para que muitas empresas desapareçam muito rapidamente, já que a transformação dos processos e dos sistemas torna-as incapazes de acrescentar valor neste novo mundo. Isto tudo num espaço de tempo muito curto. Qual é a mais-valia de uma agência bancária, quando podemos aceder a todos os serviços do banco com um smartphone? Os millenials irão dirigir-se a um banco para abrir uma conta bancária? As relações entre negócios e pessoas são desmaterializadas. As novas formas de fazer as coisas são o fim de muitos dos negócios intermediários.

O início da revolução tecnológica?

Se até agora fizemos parte de mudanças ou fenómenos que esperaram por nós antes de avançar, a Transformação Digital vai andar sempre um passo à nossa frente.

O ritmo do aumento da capacidade de processamento é exponencial, o número de fontes de informação está bem perto do infindável. A simples passagem de um estado evolutivo para o seguinte liberta-nos para o anteriormente impensável. Hoje, poderíamos levar pessoas à Lua só com o processador de um smartphone. ‘Amanhã’, poderíamos injetarmo-nos com um ‘telemóvel’ do tamanho de um grão de areia, porque não?

Um presidente da IBM chegou a afirmar que só havia mercado para cinco computadores em todo o mundo. O fundador da Digital Equipment (um concorrente da IBM, já extinto) disse que não fazia sentido as pessoas terem computador em casa. Se, nos primórdios da tecnologia, as pessoas tinham estes desabafos, a conclusão de que estamos apenas a dar os primeiros passos no caminho da evolução tecnológica não deve estar longe da verdade. Quando iremos sorrir só de pensar que as comunicações intercontinentais eram asseguradas por alguns cabos transatlânticos?

A avalanche de 2022, pós pandemia

A Disrupção não pede licença para entrar nas empresas, e encontra-as sem preparação nem aviso. Estamos a olhar de frente para a disrupção total de tudo o que hoje damos como absoluto. É impossível imaginar o que aí vem. Podemos estar prontos e ser tão disruptivos como a Disrupção, ou podemos ser consumidos pela mudança na nossa constância. A maior competência que podemos ter é a da adaptação.

As empresas, contudo, apresentam-se como os organismos mais resistentes à mudança. Os indivíduos são mais flexíveis e agéis, já as empresas apresentam mais firmeza nos hábitos que o aconselhável. O fim das empresas é explicado pela falha na adaptação. As empresas têm de se reorganizar, adaptar-se, e adaptar o seu ecossistema interno ao novo normal que é a mudança constante. Têm de criar hábitos de aprender, desaprender e voltar a aprender. Têm de criar competências de resiliência organizacional.

Os taxistas viviam num negócio de monopólio, não florescente, mas estável e sólido. Tinham poucos concorrentes diretos. De um momento para o outro, surge um player que não se encaixa em nenhuma aceção de ‘concorrência’ que os taxistas podiam fazer – o Uber. Agora, parece-nos tão natural como a própria necessidade de nos deslocarmos. Mas, no conforto do lugar dos taxistas, a Disrupção atingiu-os imprevisível e repentinamente.

A Disrupção do mundo novo (novo normal) vem quase necessariamente duma zona de desconforto. Os taxistas estavam tão longe da necessidade de inovar como a Uber estava de perder alguma coisa.

Hoje fazemos a gestão da informação com base em determinados processos de negócio. Mas esses processos vão mudar rapidamente. A gestão da ‘nova informação’ é uma tarefa hercúlea que vai modelar a Global Customer Experience.

Segundo a Gartner, 70% dos modelos de negócios digitais bem-sucedidos vão depender de novos processos deliberadamente instáveis, desenhados para responder automaticamente às necessidades dos consumidores.”

A agilidade, no meio da avalanche, é o que nos permite sobreviver.

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