Pablo Ruiz-Escribano VP Secure Power Iberia, Schneider Electric em 2020-3-19

OPINIÃO

As tendências do setor de TI que veremos este ano

Sem que tenhamos dado conta, a nossa sociedade, e dentro dela as nossas empresas, tornaram-se altamente dependentes do mundo de IT. Hoje em dia, somos tão dependentes da energia elétrica como do acesso à internet

As tendências do setor de TI que veremos este ano

As pequenas e médias empresas enfrentam com incerteza o futuro, perante a avalanche de propostas trazidas pela digitalização. Que tecnologias utilizar? Que soluções aplicar? A que Parceiros se aliar? Se olharmos para o Canal de IT, as preocupações são as mesmas. Que caminho devem tomar os modelos de negócio para beneficiar do máximo de oportunidades? Que papel vai ocupar no futuro?

Consolidação das infraestruturas híbridas e do edge

A resiliência, a rapidez de implementação, a confidencialidade dos dados, a robustez e, especialmente, a redução da latência são alavancas que vão continuar a consolidar o modelo de infraestruturas híbridas que começou a surgir nos últimos anos. Segundo um estudo da IDC, no ano passado já se previa que mais de 80% das empresas ia implementar este tipo de infraestruturas. A infraestrutura híbrida permite aproveitar todas as vantagens de agilidade e flexibilidade proporcionadas pelo ambiente cloud para o armazenamento de dados e a computação não crítica, com a confidencialidade e a prontidão que nos traz o edge. Dependendo das necessidades, estes dados que alimentam os sistemas de controlo distribuídos (Edge Control) vão permitir tomar decisões operacionais de forma automática ou semiautomática.

Assistimos também a outra situação estreitamente ligada ao ponto anterior: o mundo de IT está a aproximar-se cada vez mais rápido do mundo operativo, que incorpora tecnologia de sensores e conectividade de forma nativa, e está a transformar os equipamentos tradicionais em smart devices que geram grandes quantidades de dados. Estes necessitam de ser processados rapidamente, pelo que o sucesso não estará tanto na sua quantidade, o Big Data, como no Fast Data: a velocidade com que os dados são utilizados para tomar uma decisão.

Finalmente, é relevante realçar o crescimento previsto daquilo a que chamamos o Edge Regional, com os data centers próximos das grandes cidades e a proliferar para dar resposta à crescente penetração das plataformas digitais de conteúdos on-demand

O potencial da zona ibérica para ser um hub digital

Dentro das grandes oportunidades para o setor, vemos cada vez mais a cimentar-se a possibilidade de que a Zzona Ibérica se converta no hub digital do sul da Europa.

O posicionamento geoestratégico da região, combinado com o forte crescimento da procura local e a sólida comunidade educativa, jogam a favor daquela que seria uma grande revolução para a economia, com um impacto direto e indireto de mais de 500 milhões de euros em cinco anos, segundo um estudo da Delfos Research.

No entanto, ainda há que superar duas provas fundamentais: realizar os investimentos necessários para dar resposta às exigências energéticas deste tipo de instalações; e que a administração pública simplifique as barreiras à entrada dos principais operadores do setor.

Crescente procura por serviços 

A infraestrutura de IT converteu-se num elemento fundamental para as empresas, e não é necessário pensar em casos extremos para que nos demos conta de que realmente isto é verdade. A mínima falha em qualquer infraestrutura de IT pode significar graves perdas e, porque não temos técnicos de data centers suficientes para dar resposta às necessidades do mercado de forma atempada, é indispensável contar com um serviço de manutenção preditiva. Este será capaz de detetar avarias, até mesmo antes de elas ocorrerem, e proceder à substituição antes que o erro afete o equipamento.

Para evitar tempos de paragem imprevistos, a monitorização 24/7 é fundamental. Dado que é cada vez mais difícil dispor de pessoal no local das instalações, os service bureaus estão a tornar-se cada vez mais populares para proporcionar uma monitorização inteligente dos dispositivos, em tempo real, o que resulta numa maior eficiência operacional.

A descarbonização dos dados 

A digitalização da sociedade tem um impacto direto sobre o consumo de energia. Em poucos anos passou-se de uma realidade em que a procura de energia global representava unicamente 2% no segmento dos grandes data centers para os 10% que consumimos hoje. Este crescimento energético vem acompanhado de um aumento das emissões de carbono, pelo que, nos próximos anos, veremos também aumentar a procura por soluções e serviços cada vez mais sustentáveis.

No setor dos data centers temos um exemplo claro de melhoria contínua das operações ao longo dos anos. Em 2006 o valor médio de Power Usage Effectiveness (Eficácia da Utilização de Energia – PUE) era de 1,8. Atualmente é de 1,17 – em pouco mais de uma década reduzimos em 80% as perdas energéticas. Esta melhoria deve transmitir-se também ao edge, onde ainda há uma grande margem de progressão. Outro dos grandes desafios é a eficiência da refrigeração, algo especialmente crucial no caso da computação para a inteligência artificial. Esta requer processadores de alta potência que possam produzir até 50kW de calor, impossível com os sistemas tradicionais e que deverá ser abordado com os sistemas de refrigeração líquida.

Num ambiente tão volátil e disruptivo, o papel do Canal de IT deve mudar. Já são muitos os retalhistas e distribuidores a trabalhar em setores que contribuem com maior valor, aproveitando a oportunidade de fazer convergir fabricantes e integradores de IT com os seus equivalentes de OT, para projetarem novas propostas de valor para os clientes.

Este ano será fundamental para preparar o cenário das tecnologias futuras. Vivemos num mundo de dados que cada vez procura mais energia, e ao mesmo tempo requer que as empresas demonstrem maior sustentabilidade e uma menor pegada de carbono. Temos que fazer mais com menos e progredir rapidamente na direção da eficiência operacional e energética.

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