2018-4-05
O IT Channel esteve à conversa com Aleksander Poniewierski, analista da EY e autoridade mundial no capítulo da Internet of Things (IoT), para saber o que podemos esperar deste conceito tecnológico nos próximos tempos
A IoT está a evoluir de uma forma tão subtil que já deixou de ser uma tendência para se tornar numa realidade. Aleksander Poniewierski, partner / global IoT leader da Ernst & Young – EY, e um dos “gurus” nesta matéria, relembra que a IoT “assenta na sensorização e monitorização de tudo”, o que significa que está presente em muito do que nos rodeia. “Existe a ideia errada de que a IoT não cresceu”, afirma, em entrevista ao IT Channel. “Se olharmos com atenção para o mercado verificamos exatamente o oposto – que a IoT está a crescer. As pessoas estão simplesmente a adotar estas tecnologias de forma nativa”. A expansão da IoT aconteceu devido à diminuição dos custos de armazenamento e transmissão dos dados, refere, à qual se junta o aumento do poder de processamento. “Isto leva a que hoje seja possível implementar a IoT a custo quase nulo. Há uns anos representava um enorme investimento”, justifica o analista. Aleksander Poniewierski, partner / global IoT leader da Ernst & Young – EY Empresas a monetizar dados de IoT A primeira grande tendência relacionada com a IoT diz respeito à sua monetização. “Só agora as empresas começarão a construir os seus negócios em volta dos dados recolhidos com recurso à IoT”, diz. “Este é o ano em que realmente acreditamos que as empresas, e respetivo ecossistema, começarão a tirar verdadeiro partido da IoT”, assegura. Processamento de dados no edge A segunda tendência a impactar a IoT é uma mudança de paradigma – do processamento na cloud para o processamento no edge, ou seja, mais próximo da recolha dos dados. “Há cerca de quatro ou cinco anos, a tendência era armazenar tudo na cloud. Tenho a certeza de que, ao longo deste ano, cada vez mais empresas vão implementar soluções de IoT por via da implementação de middleware. “O middleware é o processamento no edge. As empresas terão os dados e serão responsáveis por processá-los no edge. Depois, apenas alguma desta informação será enviada para a cloud. Considero que 2018 será a ano do edge, ou do fog processing”. Da cibersegurança à resiliência by design A cibersegurança é a terceira tendência da IoT, segundo o analista da EY. “É o seu maior desafio”, indica Poniewierski, que salienta a importância da resiliência by design. “Significa que quando se constrói um ecossistema de raiz, existem desde o início ferramentas implementadas que permitem proteger o próprio ecossistema, mas também os clientes”, explica o especialista. A construção de ecossistemas nativamente seguros é igualmente importante, de acordo com Aleksander Poniewierski. “Por muito que as empresas ambicionem recolher e analisar os dados para prestarem um melhor serviço e melhorarem a vida dos seus clientes, a verdade é que existe o reverso da moeda: os atacantes querem aceder aos dados para uma utilização ilegítima”, adverte. O ano de debater o 5G A última tendência está relacionada com a conetividade. “Este será o ano de debater o 5G e de perceber os use cases que podem advir”, antevê Poniewierski. O 5G, enquanto conceito, está a quebrar a física. “O 5G beneficiará a produtividade e dominará nas grandes empresas. A standardização complementa esta tendência. Existem diferentes starndards para a IoT de consumo, para a industrial, e o número de protocolos existentes é enorme. Hoje vemos diferentes organizações a tentarem encontrar uma forma de tornar esta standardização na IoT funcional. Durante este ano, este tópico será muito importante”, assegura o analista da EY. Além destas tendências, a EY está a olhar para a automação inteligente. “É a forma como as empresas estão a tentar utilizar a IoT, a inteligência artificial e o blockchain numa única plataforma”. No entanto, em vez de implementarem soluções de IoT, as empresas têm de pensar na automação inteligente dos seus processos existentes. “Prevemos que isto acontecerá realmente e que será algo que terá imenso impacto tanto na IoT de consumo como na industrial”, conclui. |