Apagão Ibérico: Data Centers e Internet Fixa mostraram grande Resiliência

As redes de internet fixa e os data centers mantiveram-se totalmente operacionais ao longo de toda a ocorrência. As infraestruturas de backbone dos operadores nacionais resistiram sem falhas, garantindo a continuidade dos serviços digitais. As dificuldades de acesso à internet deveram-se exclusivamente à falta de energia elétrica para alimentar os equipamentos terminais dos clientes, como routers e modems de fibra ótica, e não a problemas na rede.

A rede SIBS, responsável pelos serviços de Multibanco e pagamentos eletrónicos, também permaneceu ativa. As interrupções verificadas em alguns terminais de pagamento automático ou caixas Multibanco deveram-se apenas à falta de energia elétrica nos locais, sem impacto na infraestrutura central de pagamentos.

No segmento móvel, os serviços registaram degradação significativa, especialmente nos dados, provocada pelo enorme pico de procura durante o apagão. A sobrecarga obrigou a reconfigurações dinâmicas das redes móveis para tentar equilibrar a capacidade disponível com o tráfego excecional. Além disso, uma parte das torres de telecomunicações não conseguiram manter-se operacionais, devido a falhas nos sistemas de backup de energia.

As autoridades portuguesas e espanholas continuam a investigar a origem da falha, que terá começado na rede elétrica espanhola. Inicialmente, as autoridades espanholas associaram o incidente a fenómenos atmosféricos que afetaram linhas de alta tensão de 400 kV, embora esta hipótese ainda careça de confirmação oficial. Para já, parece estar afastado qualquer cenário de ciberataque ou sabotagem.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, em declarações iniciais à imprensa, afirmou que “não se pode descartar nenhuma hipótese”, incluindo a de um ciberataque, e apelou à cautela, sublinhando que “é melhor não especular”; contudo, ao longo do dia, as autoridades espanholas, incluindo o Centro Nacional de Inteligência (CNI) e o Instituto Nacional de Cibersegurança (INCIBE), indicaram que não existem provas conclusivas que apontem para essa causa.

Apesar das dificuldades, o balanço é claro: a infraestrutura digital portuguesa demonstrou uma resiliência exemplar, assegurando a continuidade dos serviços críticos mesmo num cenário de enorme pressão.