Jorge Bento e Rui Damião em 2021-5-10

ENTREVISTA

Tem A Palavra

“A nossa ideia não passa por ter um ecossistema quase infinito de Parceiros”

Assumindo-se como uma empresa de segurança, a Citrix procura o apoio dos Parceiros para abordar novos mercados. Este mês, Nuno Silveiro, Delivery Apps & Security Specialist Iberia da Citrix, tem a palavra no IT Channel

“A nossa ideia não passa por ter um ecossistema quase infinito de Parceiros”

Nuno Silveiro, Delivery Apps & Security Specialista Iberia da Citrix

Como correu o ano de 2020 para a Citrix?

Por sermos uma empresa que está em bolsa temos dados consolidados, mas temos previsão também do que aconteceu em cada um dos países e tivemos um crescimento ao longo do ano de 2020.

No mercado português, houve um perfil muito mais da adoção de aplicações de escritórios remotos do que propriamente de grandes evoluções a nível de transformação digital dos projetos que estavam em discussão, mas isso foi uma situação que aconteceu um pouco por todo o mundo. Acho que houve muitos processos que realmente ficaram em segundo plano a partir da altura em que foi obrigatório a grande maioria da população trabalhar em remoto. Optou-se muito mais por arranjar soluções que permitissem esse trabalho remoto e não tanto as profundas transformações digitais como estavam a acontecer.

Também é um facto que, ao longo do ano, aquilo que se tornou numa urgência depois se consolidou em processos de evolução das plataformas; houve uma maior preocupação a nível de segurança e, foi visível principalmente a partir da segunda metade do ano, naquilo que é a experiência dos utilizadores. Creio que ninguém esperava que isto fosse tão alongado. Primeiro, as empresas preocuparam-se em conter e prover soluções e, depois, em realmente estabilizar aquilo que foi o ambiente e prepará-lo para um futuro que será claramente híbrido.

As empresas estão preparadas para essa realidade de trabalho híbrido que aí vem?

Acho que existe ainda um grande trabalho a ser efetuado a nível de segurança cibernética e de pensar que soluções tradicionais, como as utilizadas até há pouco tempo como só as VPN para ligar o utilizador até à fonte de dados, têm que evoluir para aquilo que são as tecnologias de zero trust mais conhecidas do mercado.

Hoje falamos de dispositivos de diferentes tipos. Tablets, telemóveis, portáteis e desktops. Alguns Parceiros tiveram a necessidade de utilizar a Smart TV numa primeira instância porque houve escassez de equipamentos.

Existe uma curva de maturidade a efetuar a nível de cibersegurança. Há empresas que já deram esse passo nesse tipo de preocupações, mas, na sua grande maioria, ainda existe um longo caminho. É um ponto muito importante porque vimos neste tempo de pandemia, por exemplo, uma coexistência de adolescentes, crianças e adultos dentro da mesma casa, alguns deles a partilharem os mesmos dispositivos e que depois são esses mesmos dispositivos que se vão ligar à rede corporativa; enquanto estamos na Internet, muitas coisas podem acontecer. Se não existe essa cultura de cibersegurança, invariavelmente vai existir um ataque às organizações.

A Citrix está a desenvolver uma estratégia junto dos Parceiros portugueses. Qual é essa estratégia?

Há mais de 30 anos que a Citrix é conhecida pela virtualização da aplicação e do posto de trabalho, do escritório digital, como nós chamamos. A verdade é que existe hoje dentro do mercado e dentro da Citrix uma evolução para além desse portfólio que tem a ver com proteger as pessoas, os acessos e as aplicações; isso significa que a Citrix tem ampliado o seu portfólio de produtos muito mais além da virtualização.

O ecossistema de Canal da Citrix em Portugal é sólido. No entanto, fruto dessa expansão de portfólio, há agora um conjunto de Parceiros que se estão a adaptar e é natural que novos Parceiros sejam apresentados ao mercado. Os interlocutores são diferentes, as tecnologias são diferentes, o modo como integram dentro do ambiente das empresas é diferente; existe uma necessidade de adaptação por parte do Canal atual e existe um novo conjunto de Canais que irá naturalmente aparecer junto do mercado para trazer novos produtos que tem a ver com a disponibilidade das aplicações dentro do data center e a sua segurança, com as plataformas de segurança na nuvem que temos lançado mais recentemente.

A estratégia passa por prover de conhecimento o Canal atual e analisar junto de potenciais novos Canais onde é que se encaixam dentro do ecossistema das empresas e dentro do portfólio da Citrix e, mediante isso, analisar de modo cirúrgico quais é que podem ter mais valias para apresentar as nossas soluções ao mercado. A nossa ideia não passa por ter um ecossistema quase infinito de Parceiros, e sim que sejam Parceiros que consigam trazer valor para os nossos clientes e que seja uma relação win-win para todos.

Historicamente, a Citrix tem alguma falta de visibilidade no mercado nacional em relação a outras ofertas…

A visão está correta. Sabemos – e detetámos isso – que o nosso reconhecimento pelo mercado e das soluções que tiveram sucesso e ajudaram muitos clientes ao longo dos anos não é tão reconhecida como outras entidades do mercado.

Também por isso fizemos uma alteração ao longo do último ano ao trazer novas pessoas, trabalhando mais próximos com os nossos Parceiros, trazendo novas ferramentas para que esses Parceiros possam ir ao mercado e apresentar as soluções. Também por isso há essa necessidade de nos rodearmos de mais Parceiros que possam ir mais além daquilo que está a ser apresentado.

Referiu a componente de segurança. Quais são as vantagens que a Citrix traz para o Parceiro e para o cliente final?

As aplicações saíram do modelo monolítico, desenhado em bloco, e foram para o modelo de microsserviços em containers que é o mais utilizado atualmente, as plataformas Kubernetes.

Isto significa que eu, como utilizador, estou a consumir essas aplicações de diversos quadrantes que estão disponíveis em diversos ambientes e em diversas localizações, em muitos casos. É preciso garantir uma coisa: essa aplicação, onde ela está, tem de estar segura.

Dentro do ecossistema de segurança verificamos duas perspetivas. Uma é a aplicação estar num ambiente controlado pela organização, ou seja, o seu próprio data center; uma nuvem que está controlada pela organização. Aí existe uma capa de produtos que é o Citrix ADC, antigamente chamava-se Citrix NetScaler, que permite garantir a segurança em termos de acesso, das API, através do WAF.

Depois temos a parte que não é controlada pela empresa; as aplicações SaaS, aplicações e nuvens públicas que sejam geridas pela própria entidade, e torna-se importante que eu, utilizador dessa empresa que tenho que aceder a essas aplicações, consiga aceder com segurança, independentemente do dispositivo.

É importante ir mais além daquilo que é só a preocupação em ter um acesso seguro via VPN porque está provado pelos vários acontecimentos ao longo do último ano que só isso não é suficiente e há que pensar em ter múltiplos fatores de autenticação, como detetar a alteração do padrão de utilização dos utilizadores… isto são coisas que os nossos Canais existentes e novos Canais vão poder trazer ao mercado e com uma componente tecnológica extremamente avançada e onde também vão poder demonstrar valor aos clientes finais através dos seus serviços; conseguem ter não só a certeza de que têm um fabricante com mais de 30 anos de experiência de mercado focalizado nessas soluções, mas também vão se poder diferenciar e trazer valor através do seu know-how e através daquilo que vão trabalhar junto das contas. Grande parte dos clientes, por falta de mão de obra dentro das próprias entidades, tem estado a recorrer ao Canal para fornecer serviços geridos, ou seja, dizem ‘quero que vocês me protejam isto, gosto da vossa solução, mas não tenho gente suficiente. Tratem vocês através do vosso SOC para que eu me sinta seguro’.

De alguma forma, a Citrix está a assumir- se como uma empresa de segurança?

Não é de alguma forma; é mesmo! Sempre tivemos a segurança dentro do nosso ADN, mas agora há uma estratégia clara. Com a mudança tecnológica que está a existir no mercado, estamos a ir mais além porque agora as aplicações que visualizamos já não estão dentro do data center, estão por aí, no mundo, e é necessário adaptar e evoluir de acordo com as necessidades.

O que espera para o ano de 2021 e como é que os Parceiros nacionais se encaixam nessa visão?

Acho que podemos falar de 2021 e 2022; são anos que vão ver a continuação de grande parte destes processos de evolução das empresas. Aquilo que temos verificado é que as ameaças vão continuar a surgir e vão ser cada vez mais sofisticadas. É preciso pensar como é que ultrapassamos essas componentes e esse risco.

Uma das coisas que o teletrabalho trouxe foi democratizar o acesso aos desenvolvedores e aos recursos capacitados. Temos hoje muitas empresas estrangeiras que estão a recrutar em Portugal recursos qualificados. Temos muitas empresas em Portugal que, por falta de mão- -de-obra a nível de segurança, estão a recorrer a essa mão-de-obra fora também de Portugal e isso está a levar a que as empresas acelerem esse modelo de serviços e de aplicação. Isso significa também que, como qualquer crescimento e qualquer mudança, vão existir novos desafios, principalmente assegurar a segurança de cada uma dessas aplicações.

Pensando também que, cada vez mais, as empresas têm a necessidade de aplicar aquela velha máxima de fazer mais com menos, significa que essas aplicações e soluções têm de estar geridas desde um ponto central que tem de facilitar a vida às organizações e depois ter o mesmo tipo de política para todo o ambiente.

O Canal vai ser extremamente importante nesta abordagem ao mercado para trazer um conjunto de conhecimento e todas as provas de conceito que são necessárias fazer, suportar os clientes neste novo ambiente porque, afinal, grande parte destas coisas também é muito nova para as empresas e é preciso recorrer a quem tenha maior conhecimento e quem os possa ajudar no dia a dia; antes de se fazer as coisas é preciso explicar quais é que são os riscos e como é que podem ser mitigados.

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