2016-2-29

OPINIÃO

Da realidade virtual à virtualização de processos de negócio

Depois dos primeiros passos do Cardboard da Google, da Microsoft apresentar o projeto Hololens, da aquisição da Oculus Rift pela Facebook, do lançamento do Playstation VR pela Sony, surgem agora fortes rumores de que a Apple terá uma equipa grande a trabalhar num projeto de realidade virtual.

Da realidade virtual à virtualização de processos de negócio

Naquele império, a arte da cartografia alcançou tal perfeição que o mapa de uma única província ocupava toda uma cidade, e o mapa do império toda uma província.

Suarez Miranda, Viajes de Varones prudentes, 1658

A consumerização das TI tem virado do avesso o ciclo de adoção das inovações. Os telefones inteligentes e os tablets foram adotados pelos consumidores finais antes das empresas os considerarem para as suas aplicações mais críticas. A concretização prática foi levada à sua conclusão lógica, em muitos casos, por via de estratégias Bring Your Own Device (BYOD), ou seja, a integração de dispositivos pessoais nas plataformas de TI das empresas.

Parece claro que, se hoje as aplicações de realidade virtual na maioria das empresas são algo ainda muito distante, uma vez popularizando-se por via das aplicações para utilizadores finais, rapidamente encontrarão o caminho para significativos usos empresariais.

A realidade virtual poderá, nesse sentido, incrementar significativamente o número de processos de negócio que hoje apenas podem ser exercidos em forma de interação física e que poderão passar a ser virtualizados.

Eric Overby, um investigador do Georgia Tech, propõe que os mecanismos de virtualização têm um impacto positivo na virtualização dos processos de negócio. Os processos serão tanto mais passíveis de virtualização quanto os mecanismos  tecnológicos forem capazes de apresentar a informação relevante ao processo, incluindo a simulação de agentes e objetos do mundo físico, as suas propriedades e características e a forma como agimos com eles, o que Overby determina a dimensão da representação.

Uma outra influência positiva surge quando o mecanismo de representação permite a participação no processo para lá das barreiras do espaço e do tempo, o denominado efeito de alcance.

Finalmente, a capacidade de identificar os participantes no processo e fazer o seguimento da respetiva atividade, nomeadamente por via de mecanismos de autenticação que podem incluir identificadores biométricos, o que o investigado denomina a capacidade de monitorização.

Em cada um destes critérios, a realidade virtual poderá trazer avanços significativos. Não necessariamente para todos os processos de uma empresa ou organização, uma vez outros fatores, para lá dos tecnológicos, determinam quão virtualizável é um processo.

Mas provavelmente chegará uma altura em que os colaboradores começarão a levar os próprios dispositivos de realidade virtual, como antes levaram tecnologias tão diversas, como os sistemas de voz sobre Internet, as redes sociais, as unidades de armazenamento na cloud e os telefones inteligente. Talvez até a sigla BYOD venha a ser substituída por outra, mais adequada ao contexto: BYOR (Bring Your Own Reality).

Henrique Carreiro

Docente de cloud computing e mobilidade empresarial na Nova Information Management School

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