2017-10-16

NEGÓCIOS

Report Especial Distribuição

E apesar de tudo, a distribuição cresceu 4,7% em 2016

Num ano particularmente desafiante, especialmente no primeiro semestre, a distribuição acabou o ano também com duas faces distintas: um segmento de retail com algum crescimento na segunda metade do ano e um segmento empresarial com crescimento anémico

E apesar de tudo, a distribuição cresceu 4,7% em 2016

Top 5
Empresa Colab. Volume de
Negócios
Resultado
Liquido
∆ V.N.
2015/16
Obs
CPCdi 192 274 454 6 271 6,2%  
Tech Data 120 272 916 612 5,9% a)
jp.di 91 115 000 0 -2,2% b)
Databox 109 79 290 337 -0,6%  
Esprinet 8 26 873 -308 47,6%  
TTL 520 768 533 6 911 5,1%  

a) Dados de 2016 fornecidos pela própria empresa
b) Dados de 2015/16 fornecidos pela própria empresa apenas da sua atividade de distribuição
Valores expressos em milhares de euros


Março de 2016. A “geringonça” viabilizava no parlamento o primeiro orçamento de estado do XXI Governo Constitucional presidido por António Costa.

Seguir-se-iam meses de desconfiança por parte das empresas. O investimento privado afundava, o Estado cativava toda a despesa possível para cumprir metas de défice e credibilizar junto dos parceiros internacionais uma solução parlamentar improvável. Seguiram-se reposições parciais dos rendimentos dos "servidores" públicos e o Natal de 2016 acabou por ser positivo no mercado doméstico, mas o setor empresarial não chegou a recuperar investimento nesse ano.

 

O ranking

Pela segunda vez, o IT Channel publica os dados de vendas dos distribuidores de IT em Portugal, com o objetivo de estabelecer um barómetro da atividade, nos seus indicadores principais.
Determinar o volume total da atividade da distribuição no nosso setor, em Portugal, é especialmente difícil, por uma falta de pratica de accountability por parte de algumas empresas. O Canal, fora do grupo dos grandes distribuidores, torna-se “híbrido”, com empresas cujo core não é a distribuição mas que representam fabricantes e, pelo menos no plano formal, têm alguma atividade de distribuição.
Outro fator que dificulta a análise são os distribuidores com operação ibérica centralizada. Embora o IT Channel tenha informação relativamente fiável do valor da faturação intracomunitária para Portugal destes distribuidores, ela só poderia ser publicada com a validação destas empresas, e só parte delas colaboraram.

 

A distribuição concentra-se nos grandes broadliners

Pelos dados que o IT Channel dispõe, o movimento de concentração do volume de negócios nos grande distribuidores continua: em 2015, o TOP 5 representava 79% do volume total distribuído, e em 2016 essa quota cresceu para 80%. No TOP 5 dos broadliners o crescimento registado é de 5% e nos restantes distribuidores com mais de um milhão de euros de faturação o crecimento ficou nos 2,8%.
Esta assimetria no crescimento entre grandes broadliners e VADs e distribuidores especializados pode-se explicar pelo facto do retail ser fornecido pela grande distribuição, e os VADs e distribuidores especializados dependerem exclusivamente dos Parceiros do setor empresarial e público, especialmente afetados pelo clima de confiança empresarial em 2016 e pelas cativações orçamentais.

Olhando para a rentabilidade da operação, também se verifica que o TOP 5 cresceu 13% em resultado líquido, enquanto os resultados líquidos de outros distribuidores e VADs aqui analisados melhoram resultados em 10,9% na comparação dos anos de 2015 e 2016.
Mas se considerarmos empresas com volume de faturação inferior a 1 milhão de euros (não publicado) o cenário foi mesmo de retração em volume de vendas, e ainda pior em resultados.

 

O TOP 5

O ranking dos principais distribuidores de volume mantém-se inalterado face a 2015, com exceção da entrada direta da italiana Esprinet para o 5º lugar no seu primeiro ano completo de atividade em Portugal.
Se o volume de negócios sobe neste grupo TOP 5, 5,1%, os resultados líquidos melhoram 12,13%, especialmente impulsionados pela CPCdi, Tech Data e Databox. É um denominador comum nas declarações prestadas ao IT Channel pelos responsáveis da grande distribuição que a rentabilidade, mais que o volume de vendas ou a quota de mercado, foram o foco. Lógica inversa deve aplicar-se ao gigante italiano Esprinet (que acaba de reportar aos mercados um crescimento consolidado de 10% para os 1,4 mil milhões de euros no 1º semestre) onde neste primeiro ano completo de atividade em Portugal procurou massa crítica e quota de mercado num natural processo de investimento.

 

Mais Canal – Os vários mundos da distribuição

A partir do grupo dos 5 principais distribuidores, há uma maior heterogeneidade no tipo de atividade de cada empresa. Distribuidores e VADs especializados em tecnologias e linhas de produtos específicos dificilmente poderão ser comparados entre si, e não é esse o objetivo.

Na liderança deste grupo, e por uma grande distância, está a Arrow ECS, com 54,5 milhões de euros, (não inclui a distribuição de eletrónica). O VAD, que tem vindo a ampliar o seu portfólio de fabricantes, cresceu em volume de vendas 3%.

Outro VAD a destacar é a portuguesa Minitel. Pese que os dados publicados não refletem uma aquisição ocorrida em 2016 (o que elevaria o volume de negócios para perto de 8 milhões de euros), o crescimento orgânico conseguido pela Minitel foi perto de 6% e quase duplica os seus resultados líquidos.

A empresa deste top 25 distribuição com o maior crescimento de volume de negócios entre 2015 e 2016 foi o VAD  Ajoomal Asociados, distribuidor especialista em segurança, redes e infraestrutura IT com 26,2% YoY, num volume de negócios que se aproximou dos dois milhões de euros.
 

 

+ 20
Empresa Colab. Volume de
Negócios
Resultado
Liquido
∆ V.N.
2015/16
Obs
Arrow ECS  34 54 529 1 115 2,8%  
Niposom  57 22 123 32 1,8%  
Minitel 16 6 556 111 5,8%  
Multimac 81 4 207 8 -2,8%  
Listopsis 40 4 086 -11 -4,3%  
Esistemas 19 4 002 127 11,1%  
WDMI  11 3 903 143 13,1%  
Bernardo da Costa 11 3 827 32 24,6%  
Liscic 7 2 555 17 0,0%  
Tenmega 9 2 541 38 -15,4%  
Exclusive Networks 3 2 497 19 18,4%  
Ajoomal Asociados  6 1 993   26,2% a)
PLD  12 1 958 7 -10,1%  
Ingecom  2 1 860     b)
Optivisus 12 1 677 14 -31,7%  
Grupo Sistemas 8 1 667 65 0,6%  
Lusomatrix 9 1 392 -64 3,2%  
Voxsys 3 1 356 61 -22,5%  
Servisoft  5 1 302 4 -9,9%  
Data Systems I.T. 7 1 210 -1 -22,0%  
TTL 352 125 240 1 716 2,9%  

a) Dados de 2015/16 fornecidos pela própria empresa
b) Dados de 2015/16 fornecidos pela própria empresa, 2015 apenas 2 meses de atividade
Valores expressos em milhares de euros

No IT Channel decidimos não publicar dados de empresas com uma faturação abaixo de 1 M€, o que deixa de fora muitas empresas nacionais.
Foram estas empresas de menor dimensão (< 2M€) que sofreram em 2016, com perdas conjuntas de faturação na ordem dos 20% e grande erosão de valor.
No entanto, e devido à sua dimensão, os dados não publicados destas não alteram significativamente o número final de crescimento global que apresentamos, de 4,7%, das 25 empresas aqui listadas.
 

E os importantes que faltam...

Nunca seria possível quantificar a malha total da distribuição, sobretudo na capilaridade de pequenas representações integradas em empresas cujo core não é a distribuição.
Mas há ausências de peso que o leitor certamente notou, a mais relevante de todas é a GTI.  A distribuidora espanhola especializada em software voltou a não revelar ao IT Channel os seus números em Portugal, e como a sua faturação é essencialmente intra-comunitária escapa ao radar do depósito notarial das contas. A GTI nunca integraria o TOP 5, mas acreditamos que ocuparia o 7º lugar do ranking em volume de vendas. Outras ausências, pelos mesmos motivos, mas com menor impacto no cálculo global, são a Ingram Micro e a Westcon Security. Quanto à Anixter, não foi possível, até à hora do fecho, receber os dados de 2016.

Declarações

Tech Data

Augusto Soveral, country manager da Tech Data Portugal


"Os resultados alcançados pela Tech Data Portugal nos anos fiscais de 2015 e 2016 foram bastante positivos, em linha aliás com os resultados da Tech Data a nível global. Posso destacar alguns marcos importantes, como a consolidação e aumento da carteira de clientes, a implementação de novas ferramentas no mercado, a relação de maior proximidade que conseguimos junto do Canal.
Olhando para trás, diria que foram dois anos muito importantes para a empresa e para toda a equipa que se compromete diariamente em cumprir os objetivos delineados. O que nos move é saber que podemos ajudar os nossos clientes a superar os desafios desta nova era digital. É esse o nosso enfoque, hoje e no futuro".

 

jp.di

Ricardo Ferreira, diretor-geral jp.di


“Em 2016 a JP Sá Couto faturou 268 milhões de euros, menos dezanove milhões do que em 2015. Por um lado, no que ao negócio da distribuição diz respeito, o mercado não cresceu e, por outro, apostámos no aumento da rentabilidade.
Para nós foi estratégico reduzir alguns dos contratos que tínhamos, porque penalizavam a rentabilidade. Acima de tudo estávamos focados em reorganizar a empresa, para este ano podermos estar no mercado de forma mais dinâmica e mais atentos ao que os clientes precisam”.

 

Ingecom

Nuno Martins, Portugal country manager

 

"Dispomos de um portfólio em constante atualização, que com o trabalho realizado nos permite escolher os fabricantes que entendemos serem adequados à nossa estratégia de distribuição de valor. É com esta filosofia de compromisso com os nossos Parceiros e fabricantes que temos crescido nos últimos anos em número e valor. Em Portugal quase chegámos aos dois milhões de euros no nosso primeiro ano de existência. O objetivo para este ano é ambicioso mas alcançável. Falta pouco (ou muito), uma vez que o último trimestre é sempre o que tem mais peso, mas como não falhámos nenhum dos anteriores trimestres estamos confiantes num resultado positivo também neste ano de 2017”.


Informação financeira fornecida por:


A Informa D&B lidera, em Portugal e Espanha, a oferta de informação e conhecimento sobre o tecido empresarial. A atuar em Portugal há mais de 110 anos, acompanhámos a evolução do País e a forma de fazer negócios, desenvolvendo ferramentas e análises tão inovadoras quanto tecnologicamente avançadas. Continuamos a proporcionar ao mercado informação relevante e de confiança, para fundamentação das decisões de negócio nas empresas. A informação produzida pela Informa D&B é utilizada em Portugal por 95% das entidades bancárias, 45% das grandes empresas e 21% das PME, servindo mais de 450 mil utilizadores, que consultam anualmente mais de três milhões de relatórios sobre empresas, através das marcas INFORMA e EINFORMA.

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